quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Adega de Siza é exemplo da modernidade no vinho

por ALEXANDRE ELIASHoje

Edifício para a Adega Mayor foi incluído na exposição 'How Wine Became
Modern', do MOMA de S. Francisco (EUA).
O vinho tem sido muitas vezes, ao longo da história, objecto de
manifestações ou reinterpretações culturais, no que diz respeito ao
seu processo de produção ou ao resultado final desse processo. A adega
que o arquitecto portuense Siza Vieira projectou para a marca
portuguesa Adega Mayor insere- -se nesse contexto de reinterpretação,
neste caso na representação da adega clássica - o local onde é
armazenado o vinho - como uma estrutura com um carácter arquitectónico
mais contemporâneo.
Esse carácter de contemporaneidade foi precisamente o que levou o San
Francisco Museum of Modern Art (MOMA) a incluir a adega desenhada por
Siza na exposição "How Wine Became Modern: Design + Wine 1976 to Now",
inaugurada no dia 20 naquele museu americano. A exposição, como o nome
indica, traça um percurso pela redefinição da identidade do vinho, em
relação às conotações sociais, económicas e culturais que foi
sofrendo.
A Adega Mayor torna-se assim a única marca portuguesa a ser
seleccionada para figurar na exposição (que inclui 35 marcas
internacionais), concebida pelo gabinete de arquitectura nova-iorquino
Diller Scofidio + Renfro. O edifício de Siza Vieira (de 40 por 120
metros), caiado de branco, tornou-se a primeira "adega de autor"
(segundo comunicado da marca) em Portugal, após a sua conclusão em
2007, estando o seu volume horizontal presente numa das salas da
exposição (à escala, claro).
Para além da arquitectura, estão também patentes na exposição exemplos
do design gráfico, da fotografia, da escultura, do desenho e
ilustração e da arte vídeo e multimedia, bem como textos
interpretativos sobre a cultura visual (o conjunto global das formas
de apresentar o produto) do vinho. Mais ainda, a "How Wine Became
Modern" inclui também uma smell wall (parede de cheiros, traduzido à
letra), que possibilita aos visitantes terem contacto com a dimensão
olfactiva inerente à cultura do vinho.
Desenhando um percurso de um produto em mudança desde meados do século
XX, quando do aparecimento do turismo vinícola e da crítica e prova de
vinhos, o MOMA escolheu a obra de Siza Vieira como um caso da mudança
de identidade e de uma cultura vinícola em transformação.

http://dn.sapo.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1718556

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