Celeste patrocínio
António Freitas de Sousa
27/03/11 13:52
Celeste Patrocínio, antiga professora universitária, fartou-se de ver
a adega a afundar-se em dívidas. "Se os sócios quiserem", continua no
cargo.
Presença em feiras no exterior é um dos principais vectores do apoio estatal.
A burocracia e a análise cega dos projectos de apoio ao investimento
por parte das entidades estatais responsáveis continua a ser um
problema. Envolvidas numa teia de burocracias que se aproveitam a
terceiros, as empresas sentem muitas dificuldades em fazer valer os
seus argumentos face a uma autoridade que se limita a seguir à risca
os trâmites previstos. A Adega de Ponte de Lima foi vítima de uma
situação deste género. Mas Celeste Patrocínio não deixa de evidenciar
a boa prestação da AICEP no apoio que tem prestado à adega.
Está satisfeita com os apoios que as entidades públicas têm reservado
à agricultura e particularmente ao sector do vinho?
Fizemos uma candidatura ao PRODER que, por causa de um erro num mapa,
não foi aprovada. Tentei falar com a gestora do programa e ela
encaminhou-me para um 'call center', porque mandou dizer que não
falava com ninguém. Era um erro que se corrigia no contexto da
candidatura. Mas como apareceu lá esse erro, consideraram que a adega
não tinha viabilidade económica - o que era corrigido pelo relatório e
contas da cooperativa. O problema acabou por não ser ultrapassado. O
montante não era muito elevado - mas os apoios que não são atribuídos
vão para trás e não aproveitam a ninguém.
São os meandros da burocracia.
O preenchimento dos projectos de candidatura é de tal modo complicados
que todos têm de recorrer a empresas de consultoria. É um sistema
complicativo - se calhar para dar trabalho aos consultores, acho que é
isso. Acho que o PRODER tem de 'descomplicar'. A boa utilização dos
dinheiros públicos não passa por complicar. E eu acho que não temos
nada que contratar consultores para nos preencherem os papéis das
candidaturas.
Entretanto, a internacionalização passou a ser uma prioridade dos
fundos públicos.
Com o QREN, as coisas passaram-se de forma ligeiramente diferente:
temos um projecto aprovado para a internacionalização. Foi já aprovado
pelo AICEP - que tem colaborado muito. É na área do apoio para a
participação em feiras. Numa primeira fase, disseram-nos que não havia
dotação orçamental - para um apoio da ordem dos 40 mil euros. Fizemos
uma segunda candidatura ainda no âmbito do QREN e afinal já há verbas
- vale a pena fazer barulho. O chumbo do primeiro projecto foi no
princípio de 2010. Depois, os bens transaccionáveis passaram a ser uma
prioridade e lá apareceram as dotações orçamentais. O que me preocupa
é pensar que a adega teve resultados líquidos positivos nos últimos
três anos - num contexto de crise: em 2010 foram superiores a 2008 e
2009. Se as uvas não são pagas a bom preço, não há sustentabilidade a
prazo. E a adega tem um peso económico e social muito importante na
região. E há outras questões a envolverem o vinho. O turismo, por
exemplo: se as terras ficarem de velho [ao abandono], quero saber que
turistas é que vêm para os solares da região, para olharem para as
terras cheias de mato.
Vê algumas vantagens num eventual processo de fusão entre a Adega de
Ponte de Lima e uma ou mais congéneres do mesmo sector?
Não está nos nossos planos. Os sócios votaram contra qualquer fusão. E
não parece que os exemplos de adegas cooperativas que optaram por
fusões estejam a correr muito bem.
http://economico.sapo.pt/noticias/o-proder-tem-de-descomplicar_114262.html
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