Por Agência Lusa, publicado em 18 Abr 2013 - 13:35 | Actualizado há 7
horas 44 minutos
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O tomate tornou-se o símbolo da subida dos preços dos alimentos no
Brasil nos últimos meses, um dos motivos que levaram ao crescimento da
inflação no país, divulgou a revista Veja, na sua edição desta semana.
A reportagem principal da revista brasileira, que tem como título
"Inflação - Dilma pisou no tomate", surge na sequência de várias
notícias em órgãos de comunicação locais e também internacionais sobre
o aumento dos alimentos e da inflação no Brasil.
De acordo com a revista, os fiscais brasileiros da cidade de Foz do
Iguaçu, no Paraná, na fronteira com a Argentina e o Paraguai, tiveram
trabalho redobrado nos últimos dias para combater o contrabando de
tomate para o Brasil.
O tomate chega a custar o dobro no Brasil em relação aos países
vizinhos e liderou a alta dos preços dos alimentos nos supermercados
brasileiros nos primeiros três meses do ano, com um aumento médio de
60%.
Em relação a igual período do ano passado, o aumento passou de 120% e
o quilograma do tomate chegou aos 10 reais (3,8 euros).
Na Internet, o alimento passou a ser alvo de piadas, sendo comparado a
joias e a obras de arte, mas a revista refere que não tem muita graça,
pois significa o retorno da inflação ao país.
De acordo com os números do Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) - do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) -
divulgados na semana passada, a inflação cresceu 6,59% nos doze meses
encerrados em março, ultrapassando a meta inflacionária estabelecida
pelo Governo brasileiro.
A meta estabelecida pelo Governo era de 4,5%, com uma tolerância até os 6,5%.
Segundo a Veja, depois de muito tempo adormecido, o termo inflação
voltou a ser citado pelos brasileiros.
Uma parte desta alta da inflação deve-se à subida nos preços dos
alimentos, depois de uma combinação de chuvas em demasia e secas em
algumas zonas do país, levando à diminuição da oferta de vegetais para
a população.
A seca na região nordeste do Brasil fez diminuir a produção de
mandioca e o preço da sua farinha aumentou 151% no último ano.
A publicação brasileira afirma que, desde o início do mandato da
Presidente Dilma Rousseff, a inflação não esteve em nenhum momento
abaixo do centro da meta, de 4,5%, e não se pode, portanto, atribuir o
aumento de preços a fatores circunstanciais e transitórios.
Em menos de dois anos, é a segunda vez que a inflação ultrapassa o
limite de tolerância estabelecido pelo Governo.
"Por ter feito dos juros baixos uma bandeira político-eleitoral, o
Governo recusa-se a ver a realidade e insiste em segurar os preços por
mecanismos que nunca funcionaram em nenhum tempo ou lugar – pelo menos
sob o regime democrático", sublinha a publicação.
"Em vez de combater a inflação com as maneiras tradicionais e
eficazes, pela contenção dos gastos públicos, aumento na taxa básica
de juros e restrição ao crédito, o Governo recorre, cada vez mais, a
paliativos transitórios", refere a revista.
"A ineficácia total da política de paliativos tem ficado escancarada,
também no caso brasileiro (referindo-se às economias da Argentina e do
Brasil)", acrescenta.
A divulgação dos dados que indicam o aumento da inflação, de acordo
com a publicação, começou a preocupar o Governo e também os partidos
aliados ao Governo da Presidente Dilma Rousseff.
Na sua reportagem, de oito páginas, a revista divulga a opinião de
vários especialistas e chega mesmo a fazer uma comparação entre as
medidas governamentais tomadas pela Presidente brasileira e a antiga
primeira-ministra britânica, já falecida, Margareth Thatcher.
Das medidas apontadas, sobressai a questão da criação de empresas
estatais: Dilma Rousseff criou quatro estatais e Margareth Thatcher
privatizou cinquenta estatais durante o seu mandato.
Outra diferença referida é a de a Presidente brasileira tentar apagar
focos inflacionários com medidas pontuais, enquanto a antiga
primeira-ministra britânica cortou os gastos do Governo e subiu os
juros.
A revista dedica, na sua reportagem seguinte, seis páginas sobre a
vida política de Margareth Thatcher, que morreu a 08 de abril.
http://www.ionline.pt/portugal/tomate-torna-se-simbolo-aumento-dos-alimentos-da-inflacao-no-brasil
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