quinta-feira, 6 de março de 2014

Biocombustíveis a partir de resíduos «têm potencial» por explorar em Portugal

ONTEM às 11:390

O estudo <<Wasted: Europe's Untapped Resource>>, divulgado por várias
organizações de defesa do ambiente (entre as quais a Federação
Europeia dos Transportes e Ambiente, da qual a Quercus é membro),
mostra que a Europa tem um potencial ainda por explorar para a
produção de biocombustíveis de segunda geração, a partir da conversão
de resíduos da agricultura, silvicultura e algumas indústrias.
Portugal e outros Estados Membros não podem desperdiçar este potencial
com vantagens económicas e ambientais, numa altura em que os Estados
Membros discutem ao nível do Conselho Europeu novas metas climáticas
para 2030, adverte hoje a Quercus, em comunicado enviado à redacção.
Este estudo, elaborado pelo ICCT (Internacional Council for Clean
Transportation), com o contributo de vários institutos de investigação
e o apoio de empresas inovadoras desta tecnologia e associações de
defesa do ambiente, aponta que a conversão de resíduos agrícolas,
florestais, urbanos e de algumas indústrias em biocombustíveis de
segunda geração para o sector dos transportes poderia evitar a
importação de 37 milhões de toneladas de petróleo por ano até 2030, o
equivalente a 16 por cento da procura de combustíveis rodoviários em
2030.
Em vários países europeus - incluindo Portugal - já existem recursos e
tecnologias de conversão disponíveis, mas o desafio está na criação de
um quadro político europeu que acelere o investimento nestes
biocombustíveis. Para aproveitar todo o potencial destes resíduos, a
evolução tecnológica poderia ajudar à criação de pelo menos 300 mil
empregos directos até 2030 em toda a Europa (excluindo os empregos
indirectos), sobretudo na recolha e conversão de resíduos agrícolas e
florestais.
Os biocombustíveis produzidos a partir destes resíduos podem ainda
fornecer uma alternativa para o declínio das reservas de combustíveis
fósseis e para a redução significativa das emissões de GEE no sector
dos transportes, o qual segundo as previsões será a principal fonte de
emissão de GEE em 2030 na Europa.
Se todo o potencial destes resíduos de biomassa fosse aproveitado, as
economias rurais poderiam beneficiar de uma fonte adicional de
receitas de até 15 mil milhões de euros.
A produção de biocombustíveis a partir de resíduos e outros materiais
pode ser competitiva relativamente à produção agrícola convencional,
apesar de em alguns países a disponibilidade de matérias-primas ser
limitada.
Portugal é um dos países europeus com maiores vantagens, quer pela
diversidade e quer pela disponibilidade de matérias-primas, como por
exemplo biogás a partir de resíduos urbanos, biodiesel a partir de
óleos alimentares usados, bioetanol a partir de resíduos de biomassa
como resultado de cortes de matas e florestas, resíduos agrícolas
(produção de alfarroba, azeitona) e ainda culturas energéticas (como o
cardo).
A produção de biocombustíveis de segunda geração poderia evitar a
emissão de GEE, entre 60 e 85 por cento na maioria dos casos, num
contributo importante para o cumprimento das metas climáticas
europeias. No entanto, é necessário definir critérios de
sustentabilidade para estes biocombustíveis de segunda geração para a
manutenção do balanço de carbono (como a gestão dos solos, conservação
da biodiversidade, protecção dos recursos hídricos).
Mafalda Sousa, da Quercus, salienta que <<num momento em que estão a
ser discutidas as metas de redução das emissões de GEE até 2030 entre
os Estados-Membros ao nível do Conselho Europeu, este estudo traz um
forte argumento de que é necessário rever a política de
biocombustíveis até 2020, tendo em conta os impactes associados à
produção agrícola de biocombustíveis (como as alterações de uso do
solo). Para o horizonte 2030, é fundamental que os Estados Membros
apoiem a continuidade da meta para a redução das emissões de GEE nos
transportes, e promovam o incentivo e investimento em combustíveis
mais limpos (como biocombustíveis produzidos a partir de resíduos e
outros materiais), cujo potencial está ainda por explorar>>.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=688935

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