Por Jorge Talixa
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Nos últimos seis anos, as áreas dedicadas ao cultivo do milho baixaram
quase 40 por cento em Portugal, situando-se no ano passado nos 132.488
hectares. A imprevisibilidade dos preços e o aumento dos factores de
produção contribuíram para esta quebra, mas a Associação Nacional de
Produtores de Milho e Sorgo (Anpromis) defende que 2011 pode ser o ano
da viragem e espera que o Governo reconheça a importância da expansão
da cultura do milho como forma de reduzir a dependência portuguesa de
cereais importados e de rentabilizar as novas áreas regadas.
Classificar o milho como cultura prioritária em Portugal, aproveitando
as excelentes condições climatéricas e de solos, e canalizar para a
recuperação do sector boa parte dos 90 mil hectares de regadio
disponíveis na área do Alqueva, são dois dos grandes objectivos que a
Anpromis traçou para 2011.
Esta vai ser a questão central do 6.º Colóquio Nacional do Milho, que
se realiza, na próxima quinta-feira, no Centro Nacional de Exposições
e Mercados Agrícolas de Santarém. São esperados mais de 450
produtores, profissionais e especialistas do sector agrícola, num
encontro onde também estarão em foco temas como a competitividade da
cultura do milho em Portugal e o futuro da Política Agrícola Comum.
"O milho, entre as grandes culturas arvenses, é seguramente a cultura
mais interessante para Portugal. Este é um ano com características
muito boas para a produção de milho. É preciso aproveitar bem estas
circunstâncias", sublinha Luís Vasconcellos e Souza, presidente da
Anpromis, em declarações ao PÚBLICO, frisando que, numa altura em que
se adivinham novas crises alimentares mundiais e os preços praticados
nos mercados de cereais são cada vez mais voláteis, "importa que cada
país apoie, de forma decidida, a sua agricultura mais competitiva".
A cultura do milho é praticada em 67 mil explorações espalhadas por
quase todo o território português, destacando-se como a maior cultura
arvense, mas Portugal só produz um terço do milho que consome e já
produziu mais. "Já assegurámos bastante mais e podemos assegurar
bastante mais. O Estado precisa de criar condições, que sei que não
são fáceis, para produzirmos mais cereais e mais milho no Alqueva",
sublinha.
Vasconcellos e Souza sugere que é preciso tomar medidas de incentivo à
produção de milho, sobretudo ao nível dos preços dos factores de
produção e do aumento da capacidade de armazenagem. "Pagamos factores
de produção francamente mais caros do que os nossos congéneres
europeus e a capacidade de armazenagem é parca, mas só se pode
armazenar havendo produção e os desincentivos têm sido grandes,
levando a produção a baixar", constata.
Electricidade "caríssima", água para rega paga quando noutros países
isso não acontece e pesticidas com preços elevados também devido a um
mercado interno pequeno são, por isso, os principais problemas com que
se debatem os produtores de milho.
http://jornal.publico.pt/noticia/07-02-2011/area-para-cultura-do-milho-caiu-40-por-cento-em-seis-anos-21233819.htm
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