Dezenas de senadores norte-americanos, que desejam fazer das alterações climáticas uma prioridade política, vão prolongar hoje a sessão do Senado durante a madrugada para pressionar a criação de legislação que reduza a ameaça do aquecimento global.
Pelo menos 28 senadores democratas, incluindo o líder da maioria no Senado, Harry Reid, e um independente pelo Estado do Vermont, Bernie Sanders, que já se disponibilizou para ser candidato presidencial, vão participar neste acontecimento inédito, que vai durar até às 09:00 de terça-feira.
A discussão noturna é a primeira iniciativa de vulto organizada pelo recém-criado grupo de trabalho do Congresso para a Ação Climática, que pretende fomentar um debate público sobre as alterações climáticas.
«Na segunda-feira vamos enviar uma mensagem clara: está na altura de o Congresso acordar e ser sério no tratamento deste assunto», afirmou o senador Sheldon Whitehouse, em comunicado.
Não está prevista a participação de qualquer republicano, o que evidencia a divisão política sobre este tema no Congresso.
Os democratas acusam os republicanos de «estarem no bolso» das grandes empresas do petróleo e do gás e de colocarem a cabeça na areia quando se discute o controlo das emissões de gases com efeito de estufa.
Os republicanos atacam os democratas por quererem reformas, como a limitação das emissões, e legislação ambiental que destroem emprego.
Vários congressistas conservadores contestam de forma clara a responsabilidade humana no aquecimento global, no aumento do nível dos oceanos ou na alteração dos padrões climáticos.
«As alterações climáticas são reais, causadas por humanos e devem ser enfrentadas», contrapõe o senador Brian Schatz, que entende que «o congresso tem de agir».
A senadora Barbara Boxer também vai participar no evento. Presidente do comité senatorial para o Ambiente e Obras Públicas, Boxer tem sido um problema para os republicanos que apoiam projetos como a construção, há muito adiada, do oleoduto Keystone XL, que pretende transportar petróleo das areias betuminosas de Alberta, no Canadá, para os EUA.
A União dos Cientistas Preocupados, que elogiou a iniciativa, apontou que o Congresso já se confronta com os efeitos das alterações climáticas, como quando aprova legislação de ajuda às vítimas da seca, «mesmo que os seus membros não digam as palavras».
Diário Digital com Lusa
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