sexta-feira, 16 de maio de 2014

Indústria do tomate precisa de cinco a sete anos para se adaptar ao acordo transatlântico


O presidente do grupo HIT (Holding da Indústria Transformadora do Tomate) defendeu esta quarta-feira um prazo entre cinco a sete anos para que a indústria do tomate se adapte à realidade competitiva prevista no acordo transatlântico.

A Associação dos Industriais de Tomate já manifestou publicamente receio pelo impacto da abolição das taxas alfandegárias que estão a ser negociadas no âmbito do acordo comercial entre União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA), designado por Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, que abrange vários sectores industriais.

«É sempre difícil prever quanto tempo é que a indústria do tomate precisa para se adaptar, porque a investigação na área agrícola é complexa em termos de tempo. Nós só temos uma campanha por ano e portanto não conseguimos ter resultados de uma forma mais constante e não conseguimos acelerar o ritmo normal das coisas. Portanto, eu acho que dois a três anos são pouco, provavelmente entre cinco a sete anos», defendeu Martin Stilwell.

O responsável falava à agência Lusa, após a formalização do contrato entre a McDonald's e a Italagro, empresa sediada no concelho de Vila Franca de Xira e que pertence ao grupo HIT, para o fornecimento de mil toneladas de ketchup aos restaurantes da multinacional espalhados pelo país até ao final do ano.

Para o presidente do HIT, os potenciais riscos do acordo comercial entre a UE e os EUA para a indústria de tomate portuguesa e mesmo europeia prendem-se com a possibilidade de a parceria poder vir a eliminar as barreiras alfandegárias das exportações dos EUA que, segundo Martin Stilwell, têm uma dimensão que lhes dá uma competitividade enorme.

«O que precisamos é de tempo para colmatar a diferença competitiva entre a Europa e os EUA. Por isso, tivemos a iniciativa do centro de competências do tomate, que se desenha essencialmente para identificarmos as diferenças, e depois encontramos soluções para deixar de existir essa diferença. O que estamos a pedir, o que gostaríamos de conseguir era que tivéssemos o tempo suficiente para nos adaptarmos a uma nova situação competitiva», sublinhou o presidente do HIT.

A ministra da Agricultura, que marcou presença na celebração do contrato entre a McDonald's e a Italagro, referiu que está a acompanhar o processo, o qual classificou de «relevante» para a Europa e para os Estados Unidos.

«Temos de acompanhar todos os detalhes para todos os produtos e identificar os produtos que são sensíveis. Em relação ao sector do tomate, é um sector altamente competitivo e sofisticado na sua parte de agro-indústria. Já foi formalizada a criação de um centro de competências para o tomate que visa precisamente tornarmo-nos mais competitivos, nomeadamente nessa relação com a Califórnia, que é o primeiro a nível mundial em competitividade e Portugal é o segundo», afirmou Assunção Cristas.

Para a ministra o objectivo futuro está traçado. «Queremos cada vez mais nos aproximar daquilo que são os números da Califórnia, e para isso temos de trabalhar, investigar e melhorar ainda mais aquilo que é já uma excelente fileira em Portugal», vincou Assunção Cristas.

Em Março, o secretário-geral da Associação dos Industriais de Tomate (AIT) afirmou que a aplicação da parceria vai implicar o fim das taxas alfandegárias sobre as importações de produtos provenientes dos EUA para a Europa, actualmente de 14,4 por cento, uma medida considerada pelo próprio de «problemática».

Miguel Cambezes acrescentou que a abolição das taxas «é verdadeiramente um convite a que a indústria americana, mais propriamente a indústria californiana, ponha o seu enfoque estratégico na Europa».

Fonte:  Lusa

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