Atribuição de 1,6 milhões de euros a um concurso de vinhos em Santarém
trouxe polémica e demissões à ViniPortugal.
Margarida Cardoso (www.expresso.pt)
17:15 Sexta feira, 11 de Fevereiro de 2011
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A direção da ViniPortugal demitiu-se um ano antes do final do mandato
na sequência da polémica que surgiu na última Assembleia Geral devido
a atribuição de 1,6 milhões de euros para financiar o Concurso
Nacional de Vinhos, em Santarém.
A decisão poderá abrir as portas à remodelação da organização
interprofissional, responsável pela promoção externa dos vinhos
portugueses.
Francisco Borba, que foi secretário de Estado e diretor regional da
agricultura antes de assumir a presidência da ViniPortugal, em meados
de 2009, alegou "razões pessoais" para justificar a sua demissão. Mas
a decisão terá sido tomada depois da demissão do vice-presidente Jorge
Paiva Raposo (Bacalhôa) e da contestação dos associados a um dos
pontos do plano de atividades para 2011, que contemplava a atribuição
de 1,6 milhões de euros para financiar o Concurso Nacional de Vinhos.
Concurso Caro
"Houve quem considerasse excessiva a verba em causa para um concurso
nacional, até pelo retorno potencial esperado", explica ao Expresso
António Soares Franco, presidente da José Maria da Fonseca e da
ACIBEVE - Associação dos Comerciantes e Industriais de Bebidas.
O concurso, que era financiado pelo Instituto da Vinha e do Vinho e
decorre em território nacional, é organizado pelo CNEMA - Centro
Nacional de Exposições /Feira de Santarém, sob gestão da CAP -
Confederação dos Agricultores de Portugal.
O seu financiamento terá sido, agora, integrado no orçamento da
ViniPortugal apesar de este ser este o organismo responsável pela
promoção dos vinhos portugueses no exterior. Aliás, a verba atribuída
à iniciativa estava dividida em dois itens: 626 mil euros para a
organização e 970 mil euros para a promoção externa.
O valor em causa assume especial relevo quando comparado com o
orçamento total da ViniPortugal, que em 2010 teve 7,7 milhões de euros
para todas as ações de promoção dos vinhos portugueses no exterior e
dedicou 1,3 milhões em exclusivo ao mercado norte-americano,
considerado um alvo "prioritário e estratégico".
"Na Assembleia Geral, o que foi posto em causa foi o impacto e a
relevância que os prémios conquistados pelos vinhos portugueses num
concurso nacional como este podem ter no mercado externo", explica
António Soares Franco.
Repensar a ViniPortugal
Na sequência da polémica, o CNEMA terá já decidido concorrer
diretamente ao financiamento do concurso, mas o Expresso não conseguiu
contactar o presidente da CAP, João Machado, para confirmar esta
informação.
Francisco Borba não comentou a demissão, dizendo apenas que se mantém
no exercício de funções até ser substituído. Palha Raposo, que estava
na vice-presidência da ViniPortugal em representação da ACIBEVE,
também não comentou a situação. Luís Pato, o outro vice-presidente da
ViniPortugal, em representação da CAP, não esteve contactável.
Desdramatizando a situação atual, António Soares Franco considera que
"esta pode ser a oportunidade de repensar o modelo de gestão da
ViniPortugal", optando por uma direção mais representativa e
entregando as "funções executivas a uma equipa de profissionais de
marketing e a um diretor geral que não fique sujeito a ciclos
eleitorais".
Manuel Pinheiro, da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos
Verdes, vê também no quadro atual uma oportunidade de "melhorar o
funcionamento da Viniportugal e definir uma nova estratégia de
promoção dos vinhos portugueses".
http://aeiou.expresso.pt/concurso-de-vinhos-provoca-demissoes-na-viniportugal=f631628
1 comentário:
Mas que grande novela... Então, a CAP que é sócia da Viniportugal, candidata-se ao financiamento de um concurso para o qual a Assembleia geral da Viniportugal já tinha atribuído verbas?
História muito mal contada...E ainda mais, parece que só houve um voto contra!!!! Quem põe mão nesta gente? E depois vem o João Machado dizer que se anda a gastar dinheiro mal gasto... Tenham vergonha e trabalhem com honestidade em vez de andarem a brincar às associações...
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