O economista considera a aposta neste setor e também na indústria a
única forma de sustentação do crescimento económico e do equilibrio da
balança de pagamentos.
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"Portugal tem uma agenda claríssima: tem de se re-industrializar",
exortou o economista que hoje participou num seminário intitulado 'o
setor agrícola na conjuntura económica atual', organizado pela
Confederação dos Agricultores de Portugal.
"Inserimo-nos mal na globalização: especializámo-nos em setores não
transacionáveis e o resultado foi perder mercados e acumular défice na
balança de pagamentos", explicou o professor do Instituto Superior de
Economia e Gestão (ISEG).
João Ferreira do Amaral acrescentou que o peso da agricultura e da
indústria no PIB desceu nove pontos percentuais nas duas últimas
décadas (uma descida apenas suplantada pela Grécia) e que não é
possível "sustentar o crescimento económico sem repor o peso" destas
áreas.
"A economia cresce é a custa dos bens transacionáveis", salientou,
acrescentando que é necessário haver uma política consistente de apoio
a estes setores.
No caso específico da agricultura, o economista considerou que o setor
deve "aproveitar o valor acrescentado de transformação dos produtos",
sendo este "um dos aspetos mais importantes" de qualquer política de
incentivos.
FMI apenas resolve problema das finanças públicas
Ferreira do Amaral disse ainda que Portugal se confronta com duas
crises -- orçamental e estrutural -- e que uma eventual entrada do FMI
contribuiria apenas para resolver o problema das finanças públicas.
"Não é o FMI que vai fazer estar reversão, é dirigir os nossos
recursos para esses setores discriminando positivamente as atividades
essenciais, a nível fiscal, de crédito, de investimento público".
O economista afirmou que "se o FMI vier não é nenhuma solução, mas
também não é nenhuma desgraça", já que um eventual recurso ao fundo
teria aspetos positivos como a exigência de um maior controle
orçamental e de uma melhor gestão em setores altamente deficitários
como o dos transportes, mas também pode ter consequências negativas
pois a subida dos preços dos transportes tem impacto na estabilidade
social.
http://aeiou.expresso.pt/ferreira-do-amaral-agricultura-deve-ser-prioridade=f629463
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