A Federação Portuguesa das Associações de Suinicultura (FPAS) alertou
para o risco de milhares de porcos morrerem à fome, devido à escalada
do preço das rações que aumentou 30 por cento em seis meses.
O presidente da FPAS, Luís Dias, explicou à Lusa que a pressão dos
preço foi agravada pela redução dos prazos de pagamento exigidos pelas
empresas que fornecem cereais e oleaginosas às indústrias que produzem
alimentos para animais. "Novembro e Dezembro foram meses de grande
subida de preços e as empresas enfrentam grandes dificuldades de
tesouraria", declarou.
Vítor Menino, director de um agrupamento de produtores e proprietário
de uma exploração que produz cerca de 25 mil porcos por ano, garantiu
que "neste momento, o dinheiro que se recebe pelos animais só dá para
pagar os custos com a alimentação. Não dá para os salários, nem
encargos sociais, nem medicamentos".
O suinicultor explicou que nos últimos seis meses o preço da ração
aumentou 30 por cento, mas o porco vale agora menos 20 por cento. "Os
suinicultores estão a perder 40 cêntimos por quilo de porco. Para
produzir um quilo de porco é preciso gastar 1,86 euros [dos quais
cerca de 70 por cento correspondem à ração], mas depois cada quilo é
vendido a 1,40 euros", exemplificou Vítor Menino.
O mesmo responsável salientou que "a produção nacional está a perder
95 milhões de euros por ano" e que "a continuar assim o sector acaba
muito rapidamente". Vítor Menino disse que a situação é tão grave que
há explorações onde os porcos são abatidos muito jovens, devido aos
custos da alimentação, e que noutras "há animais com fome". "Ou o
preço da carne sobe ou os cereais têm de baixar. Isto é pura
especulação financeira, os cereais não estão na mão de quem os
produziu, nem de quem os consome", indignou-se.
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