09.03.2011
Reuters
Os agricultores dos países em desenvolvimento poderão duplicar a
produção alimentar no espaço de uma década se abandonarem os
pesticidas e fertilizantes químicos e passarem para a agricultura
ecológica, defende um relatório da ONU.
Plantas que capturam insectos no Quénia e patos que comem as ervas
daninhas nos campos de arroz do Bangladesh são alguns dos exemplos do
que pode ser feito para aumentar a produção alimentar num planeta que,
em 2050, poderá chegar aos nove mil milhões de habitantes.
"A agricultura está numa encruzilhada", considera o estudo de Olivier
de Schutter, relator especial da ONU sobre o direito à alimentação.
Por um lado, os preços dos alimentos estão a aumentar e, por outro, o
modelo agrícola industrial está dependente dos custos do petróleo,
salienta o estudo. A "agroecologia" poderá tornar as explorações mais
resistentes aos fenómenos climáticos extremos, como inundações e
secas, acrescenta o relatório.
Até ao momento, os projectos de "ecoagricultura" em 57 países
mostraram ganhos médios de 80 por cento, segundo o relatório.
Projectos recentes em 20 países africanos resultaram numa duplicação
das colheitas no espaço de três a dez anos.
Entre os vários exemplos, centenas de agricultores quenianos estão a
plantar uma espécie vegetal que repele insectos nos campos de milho e
a plantar outra espécie que consegue capturar aqueles animais que
prejudicam as culturas.
Estas lições poderão ser aplicadas um pouco por todo o lado, considera
o documento. "Uma agricultura ecológica forte pode aumentar
significativamente a produção e, a longo prazo, ser mais eficaz do que
a agricultura convencional", disse De Schutter à agência Reuters.
Os benefícios seriam maiores em "regiões sem grande aposta na
agricultura, especialmente na África Subsaariana", comentou o
especialista. "Existe também um número de experiências muito
promissoras em várias regiões da América Latina e da Ásia", notou.
"O custo da produção de alimentos tem seguido de perto o custo do
petróleo", acrescentou. Tumultos no Egipto e Tunísia estão, em parte,
ligados ao descontentamento com o aumento dos preços dos alimentos.
"Se os preços dos bens alimentares não forem controlados e as
populações não forem capazes de se alimentarem... teremos cada vez
mais Estados com instabilidade", notou.
Ainda assim, os países desenvolvidos terão mais dificuldades em passar
rapidamente para esta "ecoagricultura", tendo em conta a dependência
de um modelo agrícola industrial.
http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1484012
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