quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Hambúrguer artificial pode chegar aos supermercados em 20 anos

06 de Agosto de 2013•14h32 • atualizado às 14h40



O sabor e a aparência são parecidos aos do hambúrguer de verdade. A
carne desenvolvida em laboratório a partir de células-tronco de gado
pode virar opção de consumo em duas décadas, defende criador

A diferença entre a carne moída desenvolvida em laboratório e aquela
distribuída em larga escala pelas cadeias de fast food é quase
imperceptível. No entanto, o processo de criação do alimento faz dele
um artigo de luxo. Segundo pesquisadores envolvidos no projeto, a
carne de laboratório chega a custar cerca 300 mil euros, o equivalente
a 900 mil reais.

O primeiro hambúrguer criado em laboratório a partir de células-tronco
foi degustado em público na segunda-feira. O projeto é de cientistas
da Universidade de Maastricht, na Holanda. Segundo os cálculos de Mark
Post, biomédico envolvido na pesquisa, essa versão de carne deve estar
disponível nas prateleiras de supermercados nos próximos vinte anos –
e será uma alternativa para alimentar a crescente população mundial.

Um hambúrgues com milhares de camadas
A equipe de Mark Post trabalhou no experimento ao longo de vários
anos. Em um líquido rosa, os pesquisadores produziram tecidos
musculares a partir de células musculares de gado. Quando bem
cuidadas, as células-tronco do músculo bovino se dividem diversas
vezes. É assim que finas camadas de apenas alguns centímetros de
comprimento e poucos milésimos de milímetro de espessura são formadas.

Para criar um hambúrguer normal de 140 gramas, os pesquisadores
precisaram de cerca de 20 mil dessas camadas. Um pouco de suco de
beterraba e açafrão deram a cor certa ao hambúrguer artificial.

No futuro, uma única célula-tronco poderá dar origem a 175 milhões de
hambúrgueres, acredita Post. Para isso, o biomédico precisa de
laboratórios modernos – e caros –, equipe treinada e uma grande
quantidade de energia.

O futuro da carne de laboratório
As promessas são grandes. Segundo pesquisadores da Universidade de
Oxford, é possível reduzir o uso da terra em 98% e cortar em até 95% a
emissão de gases de efeito estufa só com o consumo de carne produzida
em laboratório. Além disso, o abate de milhões de animais seria
poupado.

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Por outro lado, células-tronco só crescem em condições estáveis e sob
temperatura em torno dos 37 graus. Essas regras protegem a carne
contra bactérias e fungos. Isso só é possível para pequenas
quantidades de carne armazenadas em laboratórios, mas totalmente
inapropriada para produção em massa. Outro problema é a construção de
uma estrutura tridimensional a partir de células-tronco.

O desenvolvimento de um tecido tridimensional com nutrientes é um
fenômeno típico na natureza. Para isso, animais e seres humanos
possuem vasos sanguíneos. Fazer o mesmo com células produzidas em
laboratório é um grande desafio para a ciência, pode demorar muitas
décadas, além de custar caro.

O objetivo de Mark Post é, em duas décadas, oferecer a carne de
laboratório aos consumidores por um dólar ou menos. No mundo da
ciência, a meta é vista com ceticismo: seria preciso investir muito
dinheiro na pesquisa – soma que poderia ser usada em outras frentes,
como o desenvolvimento de órgãos. Para os céticos, a carne a partir de
célula-tronco criada pela equipe de Post dificilmente cumprirá a
promessa.

http://noticias.terra.com.br/ciencia/pesquisa/hamburguer-artificial-pode-chegar-aos-supermercados-em-20-anos,4349c9246f350410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

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