por Acréscimo - Associação de Promoção ao Investimento Florestal16 de
Dezembro - 2013
Depois de uns passeios pelo voluntarismo e após a insistência no
protecionismo costumeiro, assumindo fraturas, a ministra Assunção
Cristas redescobriu as Zonas de Intervenção Florestal (ZIF).
Isto acontece após dois anos e meio de mandato. Pretende agora a
ministra dar operacionalidade ao que está previsto desde meados de
2011 no programa do Governo? Bom, mais vale tarde do que nunca, dirão
alguns.
A ministra assume agora publicamente a aposta neste modelo de gestão
da floresta cultivada privada. Aposta até num reforço das competências
das entidades gestoras das ZIF. Fazendo bem feito, nada contra, muito
pelo contrário, como aliás tenho defendido nestes dois anos e meio de
ZIFamnésia ministerial.
Fazer bem feito entenda-se, produzir alterações que não venham a
causar um acréscimo de recurso aos tribunais, para a resolução de
conflitos de propriedade.
Mas, vamos ao essencial.
Como pretende a ministra que o modelo das ZIF seja financiado?
- Terá na base modelos de negócios rentáveis, suportados na produção
de bens e na prestação de serviços decorrentes de relações vantajosas
para as partes intervenientes, incluindo os contribuintes? Atuará
sobre os mercados em concorrência imperfeita, acompanhando-os?
Apostará no reforço do apoio técnico à produção e na ligação desta com
a investigação? Imporá garantias para a sustentabilidade dos recursos
naturais e o bem estar das populações rurais?
Ou,
- Terá por base o tradicional recurso aos contribuintes, que
generosamente e sem retorno económico têm pago parte significativa das
florestações e da gestão das florestas no último quarto de século, bem
como assumido os prejuízos decorrentes dos incêndios florestais? Ou
seja, continuará a apostar no status quo de favorecimento de
interesses financeiros de certas empresas da praça?
Esta última opção tem produzido os resultados conhecidos.
Por último, a ministra deveria ter vergonha, não é por insistir na
mentira que ela se torna verdade. O setor florestal não representa
hoje 3% do Produto Interno Bruto (PIB), isso ocorreu no ano 2000, de
lá para cá esse valor percentual decresceu cerca de 40% (sendo que o
próprio PIB também contraiu). Mais do que a insistência no número 3,
será preciso um esforço maior, senhora ministra, para reverter este
declínio e a senhora já perdeu dois anos e meio.
Paulo Pimenta de Castro
Engenheiro Florestal
Presidente da Direção da Acréscimo – Associação de Promoção ao
Investimento Florestal
http://www.vidarural.pt/news.aspx?menuid=8&eid=7793&bl=1
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