CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE AGRICULTURA
por Lusa, texto publicado por Sofia Fonseca03 setembro 201336 comentários
Fotografia © Lisa Soares/Global Imagens
O dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) defendeu
hoje que os cortes "brutais" do Governo na prevenção dos incêndios e a
falta de ordenamento florestal são as principais causas da extensão e
violência dos fogos florestais.
Para João Dinis, a "paranoia do fogo posto" serve apenas para desviar
atenções e para "esconder o essencial da questão" que são as
"políticas incendiárias promovidas ao longo dos anos".
"Este Governo cortou milhões de euros na prevenção no Orçamento do
Estado. A falta de prevenção, a falta de ordenamento florestal, o
êxodo das populações são as causas da extensão dos incêndios", afirmou
na Comissão Parlamentar da Agricultura e Mar.
"A nossa experiência diz-nos que a extensão e a violência são ajudadas
pelas condições climáticas, mas são determinadas pela ausência de
políticas públicas e más políticas", acrescentou o responsável
referindo-se às "manchas contínuas de eucalipto e pinheiro" e ao
abandono da agricultura familiar.
Segundo Pedro Santos, também dirigente da CNA, desde janeiro 2012 já
foram cortados 162 milhões de euros às medidas florestais.
"Representa um corte de 37% que deixa de estar disponível em termos de
floresta. Se continuarmos com este tipo de políticas nunca vamos
ultrapassar isto", afirmou.
De acordo com o dirigente da CNA, só o item "Minimização dos Riscos"
teve um corte de 60%.
Criticando as "celuloses que decretaram guerra aos baldios" e a
"política florestal fomentada no eucalipto", João Dinis explicou que o
eucalipto explode com temperaturas altas, sendo o causador da
deflagração de incêndios a poucos metros de distância.
"Os cortes orçamentais nos últimos dois anos brutais no Proder
[instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento
rural], nas florestas, na prevenção, no desmantelamento dos serviços
florestais públicos, de gente que conhecia a floresta e apoiava as
populações, e os baixos preços da madeira, que provocam desmotivação
económica pela floresta, estão na base da violência dos fogos",
afirmou.
"Há manipulação do drama e da tragédia, o desvio das atenções e dos
sentimentos para o fogo posto, para as detenções e para as penas",
lamentou.
Afirmando que é necessário "inverter políticas e investir na
floresta", João Dinis defendeu ainda que o "Estado tem obrigação de
indemnizar [as vítimas dos incêndios], porque também indemnizam os
banqueiros pelas trafulhices que fazem".
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3401771&page=-1
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