Recenseamento Agrícola - Dados Preliminares
Os dados preliminares sobre o Recenseamento Agrícola 2009, ontem
divulgados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística), confirmam a
heterogeneidade e a diversidade da agricultura portuguesa e apontam
para a evolução do sector agrícola.
O decréscimo do número de explorações agrícolas referido no documento
do INE verifica-se sobretudo ao nível das pequenas explorações (41%
com menos de 1 hectare), enquanto o número de explorações com mais de
50 hectares de SAU (Superfície Agrícola Utilizada) registou um aumento
na ordem dos 4%, o que configura uma situação de maior dimensão
económica da actividade agrícola.
Por outro lado, ainda que a dimensão média das explorações agrícolas
em Portugal esteja ligeiramente abaixo da média da União Europeia,
esta mesma média europeia é baixa em relação ao resto do mundo, pelo
que se trata de um situação característica do chamado velho
continente.
O aumento da mecanização da actividade agrícola em Portugal é uma
realidade e está directamente associado ao desenvolvimento do sector.
Os países mais evoluídos em termos agrícolas são aqueles que mais
recorrem à mecanização e que, consequentemente, menos utilizam
mão-de-obra nos processos produtivos. No que concerne ao sector
pecuário, a referida redução do número de explorações tem vindo a ser
acompanhada por um aumento de produção, pelo que esse factor se torna
relativo.
Por outro lado, o aumento gradual da idade média dos agricultores é um
factor que deve preocupar a sociedade em geral, nomeadamente tendo em
conta que todas as organizações internacionais acentuam o facto de ser
necessário multiplicar a produção agrícola mundial nas próximas
décadas e que Portugal está longe de poder adquirir no exterior tudo o
que precisa para alimentar a sua população. Além disso, a este
envelhecimento dos agricultores não são alheios os factores que têm
provocado a chamada "desertificação" do interior do país e o abandono
das regiões rurais.
No entanto, o documento do INE refere-se a uma realidade
particularmente positiva no domínio das sete mil empresas agrícolas
constituídas sob a forma jurídica de sociedade, que exploram um quarto
da SAU, possuem 40% de dirigentes com formação superior e empregam 30
mil trabalhadores - dois terços da mão-de-obra agrícola assalariada.
Trata-se de uma realidade que configura a actividade agrícola como
determinante para a recuperação da economia nacional.
A CAP aguarda a publicação dos dados definitivos do Recenseamento
Agrícola, anunciada para o próximo mês de Maio, de modo a que o poder
político e a sociedade em geral possam partilhar o diagnóstico da
agricultura em Portugal e avaliar a situação do sector.
CAP, 16 de Dezembro de 2010
Sem comentários:
Enviar um comentário