11.12.2010 - 20:55 Por Ana Cristina Pereira
Fernando Mendonça, presidente da Agros e da Lactogal, morreu hoje aos 75 anos. O funeral é às 15h30 de amanhã na igreja das Modivas, em Vila do Conde.
Ninguém esperava. Ainda no dia 4 participara no almoço de Natal da Agros, a União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho, a que presidia desde 1982. "Parecia lindamente", recorda Carvalho Guerra, presidente do Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte. Hoje, Fernando Mendonça sentiu uma dor no centro do peito e morreu ao princípio da manhã.
Mantinha uma actividade intensa apesar dos seus 75 anos. Era o incontestado líder dos produtores de leite do Norte do país. Começou como dirigente da Cooperativa Agrícola de Vila do Conde em 1964 e foi somando cargos de topo. Presidia à Lactogal, empresa agro-alimentar fundada pela Agros e pela Proleite.
Arlindo Cunha conheceu-o há mais de 30 anos, era o ex-ministro da Agricultura um jovem quadro da Comissão de Coordenação da Região Norte. Portugal ainda nem entrara na CEE e o economista foi à Agros explicar o que era a Política Agrícola Comum (PAC): "Lembro-me de Fernando Mendonça me chamar e de me dizer: 'Olhe, estar na Comunidade Económica Europeia é um desafio muito importante e só podemos ganhá-lo com a qualidade.' Ele tinha uma visão de longo prazo do que era competir num mercado alargado."
Carlos Duarte Oliveira, que foi secretário de Estado da Agricultura, encara-o como "uma referência do sector cooperativo". "Via a cooperativa muito além da economia – via-a como uma forma de solidariedade", corrobora Arlindo Cunha. Carvalho Guerra gaba-lhe a generosidade: "Era um homem muito ligado à terra. Miguel Torga escreveu sobre isso – quem se liga à terra, liga-se às pessoas. Ainda no almoço de Natal vi como a maior preocupação dele eram os produtores."
Terá sido sempre assim. "Procurava o melhor para os produtores de leite, não se deixava vencer pelas adversidades", sublinha Laudemira de Jesus, que lidou com ele quando era directora da Agricultura de Entre Douro e Minho. "Ambicionava contribuir para a dignificação da agricultura, para a valorização do mundo rural. Não se resignava. Corria o risco de fazer o que achava necessário", torna Carlos Duarte Oliveira. As insígnias de Mérito Agrícola e Grã-Cruz da Ordem de Mérito Agrícola de que tanto se orgulhava eram para si uma homenagem ao sector. O funeral é às 15h30 de amanhã na igreja das Modivas, em Vila do Conde.
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