15 Dezembro 2010 | 08:00
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I
Da produção de Alexandre Herculano até aos nossos dias
Fonte de prazer | O azeite faz parte da nossa tradição gastronómica.
Em 1883, Bulhão Pato recordava a ligação de um dos nomes cimeiros da cultura portuguesa do século XIX, Alexandre Herculano, ao azeite: "Azeite de prato, como é notório, era coisa que não se conhecia em Portugal. Foi Herculano quem deu a iniciativa, fabricando o precioso azeite de Vale de Lobos. Seguiram-lhe o exemplo Manuel Vaz Preto, João Ferrão de Castelo Branco, o meu querido e velho amigo José Augusto Galache e outros. Sem azeite fino não há maionese, e creio que ninguém duvidará que uma boa maionese vale um bom livro!"
Nada poderia ser mais verdadeiro, embora Alexandre Herculano não se livrasse das farpas de Eça de Queiroz e de Ramalho Ortigão que, a propósito de uma eventual oferta de azeite do escritor a D. Pedro II do Brasil, diziam que isso tinha sido um "boato mercantil" do vendedor de azeites de Herculano no Chiado, o sr. Martins. Mas isso só realça a profunda ligação que este líquido riquíssimo tem com a memória portuguesa. Na altura, sob o nome "Azeite Herculano", ele era comercializado pela casa Jerónimo Martins e viria a ser premiado em várias exposições internacionais. O azeite sempre esteve presente no nosso dia-a-dia. Como fonte de iluminação, como remédio ou como tempero. Quem comerá um peixe cozido ou um bacalhau sem azeite? Quem é que desdenhará fritar um bom bife ou umas costelas de borrego em azeite? Ligado à gastronomia mediterrânica, o azeite faz parte da nossa cultura, à sombra de uma árvore, a oliveira, conhecida pela sua capacidade de convivência com todas as outras e resistente à adversidade dos solos. Depois de alguns anos em que se desdenhou das suas qualidades, Portugal voltou a acreditar nas potencialidades do azeite. Somos hoje o oitavo produtor mundial de azeite e esta é uma indústria sólida e de futuro. Um nicho de excelência neste País. E uma companhia indispensável para a melhor culinária.
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