A empresa brasileira Ecoenergy pretende "fazer despertar" vários
terrenos da Península Ibérica para a agricultura energética e
fornecer-lhes espécies melhoradas em laboratórios de biotecnologia a
instalar no Fundão, adiantou um dos sócios, Luiz Gaspar, à Agência
Lusa.
Aquele responsável visitou entre quarta-feira e sábado vários terrenos
da Cova da Beira para "comprar ou arrendar entre 800 a mil hectares,
numa primeira fase," para plantação de "paulónia, eucaliptos e outras
espécies" e fornecer centrais de biomassa, explicou.
Para além da produção, pretendem demonstrar aos proprietários de
espaços florestais e agrícolas "que é possível rentabilizá-los" se
forem dirigidos para o mercado energético.
A Ecoenergy espera que o exemplo floresça e que as novas zonas de
produção recorram às plantas geneticamente melhoradas nos laboratórios
e estufas de biotecnologia a instalar na Soalheira, Fundão.
O investimento de 21 milhões de euros deverá criar 130 postos de
trabalho e foi apresentado em Fevereiro na Câmara do Fundão.
Segundo explicou Luiz Gaspar à Agência Lusa, a Ecoenergy planeia
fornecer o mercado "num raio de 400 quilómetros", o que abrange parte
de Espanha. "De acordo com os nossos estudos de mercado há grande
interesse do governo espanhol em desenvolver a agricultura
energética", disse.
Os laboratórios do Fundão vão permitir melhorar as espécies, por
exemplo, para crescerem mais depressa, optimizando os resultados das
zonas de produção, estimulando a actividade agrícola e florestal.
Para além da produção energética, os laboratórios "vão trabalhar
também na melhoria de plantas e árvores de fruto".
Para uma fase posterior está previsto o recurso a técnicas de marcação
molecular, "para o desenvolvimento de fármacos extraídos de espécies
naturais", por oposição a substâncias sintéticas.
Os marcadores moleculares permitem "rastrear um produto até à sua
origem, o que é relevante em produtos fármacos", sublinhou Luiz
Gaspar.
A Ecoenergy planeia apresentar o projecto para as instalações na
Soalheira na Câmara do Fundão até ao final do primeiro semestre de
2011.
Luiz Gaspar espera que a aprovação "seja célere" e que a construção
possa arrancar "no segundo semestre deste ano".
A EcoEnergy Holding tem instalações no Brasil e Reino Unido e actua na
área das energias renováveis.
A instalação de centrais de biomassa, que queimam e produzem energia a
partir matéria florestal, estão previstas desde 2006, mas ainda não
chegaram a sair do papel.
Das 15 centrais previstas, foram construídas apenas duas: em Belmonte
e na Sertã - sendo que a EcoEnergy prevê também participar nalgumas
sociedades de centrais de biomassa portuguesas.
Fonte: Lusa
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/03/15c.htm
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