Lusa
04 Jul, 2012, 11:31
A associação Aguiarfloresta está a implementar, em Vila Pouca de
Aguiar, um projeto-piloto de pastoreio dirigido, que utiliza cabras na
gestão da vegetação e, assim, reduz os riscos de incêndios florestais.
Duarte Marques, da Associação Florestal e Ambiental de Vila Pouca de
Aguiar, referiu que o projeto vai dispor de 160 mil euros e vai ter
como área de intervenção, nesta primeira fase, o planalto de Jales.
A associação vai trabalhar com um rebanho de 50 cabras, que vai
pastorear uma área de 90 hectares. Os animais, através da ingestão da
biomassa, reduzem o combustível para um incêndio.
Associadas ao projeto estão outras técnicas de intervenção, como a
limpeza de matos através das equipas de sapadores florestais ou o uso
do fogo controlado.
"Vamos fazer um tipo de pastoreio mais dirigido, em que vamos usar os
animais em locais estrategicamente identificados como sendo favoráveis
à redução do número de ocorrências e também à limitação da expressão
do fogo", frisou Duarte Marques.
O responsável explicou a opção pelo gado caprino com o facto de se
tratar de animais mais robustos, que se adaptam a ambientes mais
agrestes, ajustados a territórios de montanha e que consomem tipos de
vegetação que a maioria dos outros animais não consome.
Paulo Fernandes, investigador e elemento do Grupo de Fogos da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), explicou à Lusa
que a utilização do pastoreio na prevenção de incêndios é "uma boa
técnica" a utilizar até porque, acrescentou, tem um custo menor e tem
uma rentabilidade económica associada.
"É uma técnica, deste ponto de vista, interessante", frisou.
No entanto, referiu que é mais "eficaz como manutenção em áreas que
foram tratadas com outras técnicas, como por exemplo, do fogo
controlado ou intervenções mecânicas".
"Se a seguir se utilizarem rebanhos de cabras para fazer a manutenção,
esta é a melhor situação em termos de eficácia, combinação do gado com
outro tipo de técnicas", sustentou.
A Aguiarfloresta está ainda a trabalhar com os pastores daquela
região, de forma a integrá-los também na gestão do território e defesa
da floresta e, ao mesmo tempo, valorizar a pastorícia.
A ideia é incentivar a aposta nos produtos associados à atividade,
como a carne, leite ou o queijo, com vista à dinamização da economia
local.
Para o efeito, serão criadas plataformas virtuais para a venda destes
produtos, criando uma maior proximidade entre os produtores e os
consumidores.
"Espera-se obter uma solução mais barata e de maior valor ambiental
que as que habitualmente são usadas", salientou Duarte Marques.
O projecto "Economountain, economia da biodiversidade nas serras de
Vila Pouca de Aguiar" foi premiado pelo Fundo EDP de Biodiversidade.
No âmbito do projeto, a Aguiarfloresta promove na sexta-feira o
workshop "Caprinos na Gestão Florestal", no qual vão ser debatidos
temas como a utilização do pastoreio na defesa da floresta contra
incêndios, questões sanitárias e a movimentação dos animais nos
rebanhos.
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=567727&tm=8&layout=121&visual=49
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