LUSA
06/06/2013 - 08:11
Relatório da OCDE e da FAO diz que os preços da carne, peixe e
biocombustíveis devem subir mais do que os dos produtos agrícolas
primários.
A produção agrícola mundial deve crescer 1,5% ao ano em média RUI GAUDÊNCIO
O preço dos produtos agrícolas e da carne deve aumentar na próxima
década, devido ao abrandamento da produção conjugado com o aumento da
procura e um ambiente macroeconómico favorável, segundo as
"Perspetivas Agrícolas 2013-2022" da OCDE e da FAO.
De acordo com o relatório, os preços da carne, peixe e biocombustíveis
devem subir mais do que os dos produtos agrícolas primários, devendo
os preços médios dos cereais, oleaginosas, açúcar e algodão manter-se
relativamente estáveis face aos dez anos anteriores, quando se bateram
vários recordes desde 2007.
A inflação dos preços da alimentação deve aliviar, mas os gastos em
comida deverão representar entre 20 a 50% dos orçamentos familiares em
muitos países em desenvolvimento, pelo que conseguir manter um valor
acessível continua a ser uma preocupação em termos de segurança
alimentar.
A produção agrícola mundial deve crescer 1,5% ao ano em média
comparativamente aos 2,1% da década anterior, reflectindo o aumento
dos custos, maiores condicionantes aos recursos e as crescentes
pressões ambientais, indica o documento apresentado nesta
quinta-feira, em Pequim, pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría,
e pelo Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e a
FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura)
prevêem também um abrandamento na expansão da produção agrícola a
médio prazo, devido à diminuição das áreas cultiváveis e da
produtividade. Nos países em desenvolvimento antecipa-se um aumento da
produção, sobretudo nas economias emergentes que investiram nos seus
sectores agrícolas e em tecnologias com potencial para alcançar os
níveis de produtividade das economias avançadas.
O consumo vai também aumentar, mas de forma mais lenta, estimulado
pelo crescimento da população, aumento do rendimento disponível,
urbanização e alteração das dietas alimentares, prevendo-se uma
expansão mais rápida na Europa de Leste e Ásia central, seguindo-se a
América latina e o resto da Ásia.
O crescimento do consumo de carne per capita vai afrouxar à medida que
as economias em desenvolvimento atingem os níveis dos países mais
avançados, mantendo-se as aves como a escolha mais barata e popular,
correspondente a cerca de 50% do aumento do consumo de carne.
A produção de leite vai aumentar a um ritmo mais lento na próxima
década, face aos elevados custos da alimentação para animais,
competição das pastagens com outros usos da terra e escassez de água.
As quebras na produção, volatilidade dos preços e interrupções
temporárias das trocas comerciais continuam a ser uma ameaça à
segurança alimentar mundial, sublinha ainda o relatório.
http://www.publico.pt/economia/noticia/precos-dos-produtos-agricolas-vao-aumentar-na-proxima-decada-1596589
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