quinta-feira, 6 de junho de 2013

Terroir dá vinhos de autor e clima potencia azeites

DESTAQUE
04/06/13, 00:03
Por Vítor Norinha/OJE
O país é excedentário de vinho e exportador relevante de azeite. O
"terroir" dá um dos melhores néctares do mundo, enquanto a dieta
mediterrânica "puxa" pela produção de azeite. O país é o quarto
exportador mundial.


O vinho contribuiu, em 2012, com 704,8 milhões de euros para as
exportações nacionais, enquanto o azeite tem um acréscimo superior ao
vinho, tendo o país sido superavitário pela primeira vez em muitos
anos. Ainda no vinho o país está a produzir 6,5 milhões de
hectolitros, o que compara com os 14 milhões que produzia em 1970.
A Região de Lisboa (CVR Lisboa) tem um dos melhores rácios entre os
vinhos certificados e o exportado, ao vender para o exterior metade do
que certifica. Embora existam muitas regiões no país, o Douro e o
Alentejo, a par dos verdes do Alto Minho são regiões facilmente
identificáveis. A produção de vinha ocupa 230 mil hectares e já foi
muito mais depois dos grandes enxertias feitos entre 1902 e 1905, num
movimento que se seguiu à praga da filoxera e onde tinta e branca
foram misturadas, acabou em 1970 com o movimento de reestruturação.
Esta opção de arranque esteve ligada ao chamado "solo avesso", casos
de encostas com sombra durante todo o dia. Mais tarde a vinha foi
substituída por outras plantações mais rentáveis, caso da pera rocha
na região oeste.
No azeite, o Alentejo e o nordeste transmontano possuem as demarcações
mais conhecidas. Na campanha 2012/2013 as projeções indicam que o país
irá produzir 49,2 mil toneladas de azeite, um nível semelhante à
campanha anterior, mais 60% acima do obtido nos cinco anos antes.
O investimento espanhol e depois o forte investimento nacional, caso
da Sovena/Oliveira da Serra, inverteram uma tendência de quada de
produção registada há 40 anos. As recomendações de nutricionistas a
nível mundial que procuram a componente da gordura natural na dieta,
tem potenciado o consumo. A produção em Portugal está, no entanto,
longe dos maiores exportadores mundiais, a Espanha e Itália, acima das
230 mil toneladas/ano ou ainda da Tunísia com 160 mil toneladas
processadas.
A dinâmica comercial externa do setor agrícola passa ainda pelo
elevado grau de auto-suficiência alimentar, que no caso dos dois
produtos é de 100% ou superior. A nível de tendência aquilo que é mais
relevante é a incorporação recente de valor acrescentado e que
fundamental para manter a dinâmica das exportações.
Os analistas e os produtos são unânimes em considerar que o país
apresenta condições naturais particulares e fatores de competitividade
adicionais para a produção de azeite e vinho. Estes dois produtos
agrícolas têm como características dominantes a importante expressão
territorial, a capacidade produtiva instalada, e a densidade de
atividade dos atores com conhecimento, tradição e saber fazer,
afirma-se num recente research do BESI sobre a temática. Indica que
estes atributos permitem antecipar uma "melhor utilização dos recursos
endógenos em significativas áreas do território rural".
As condições edafoclimáticas garantem produções de qualidade única e
que é determinada pela conjugação de fatores como a cor, sabor, cheiro
e textura. As produtividades aumentam com a utilização de água e de
solos adequados. Vasco d' Ávillez, produtor e presidente da Comissão
Vitivinícola da região de Lisboa afirmou ao Oje que "a proximidade do
Atlântico é determinante no caso dos vinhos de Lisboa".
Diz que "a costa da nossa região vai desde Cascais a Pombal e tem um
braço da corrente quente do Golfo". Este facto, adianta, "causa no
clima grandes modificações e que são muito sentidas no vinho. Torres
Vedras, Ericeira e Peniche são a terra dos nevoeiros e o clima que os
influencia é o mesmo que influencia a vinha".
Acrescenta que toda a região "é dividida por uma cordilheira que é
Sintra, Montejunto e vai até à Estrela e daí termos os vinhos da
cordilheira para o mar, e que são de determinado tipo, e o vinho da
cordilheira para o interior, ou continentais". Acrescenta ser verdade
que as castas Cabernet Sauvignon, Trincadeiras e Tourigas Nacionais
são iguais, "mas o clima faz toda a diferença".
Acrescenta que Lisboa é a única região de Portugal que tem o chamado
vinho leve que se caracteriza por ter graduação alcoólica entre os
nove e os 10 graus. Estes são os vinhos do Atlântico com acidez
pronunciada e que combinam com o peixe que há na costa. Esta região
produz milhões de litros, sendo metade certificado e deste, metade é
para exportação.

Azeites
Nos azeites há dois grupos relevantes, a Sovena e a Unilever/Jerónimo
Martins. Este último detém a Gallo e que é a terceira marca mundial de
azeites, com um volume superior a 30 mil toneladas de azeite, das
quais 70% são para exportação. Está presente em 47 países, sendo o
Brasil o mercado de exportação com maior peso - Gallo representa 12%
do total das exportações portuguesas para o Brasil - seguido da
Venezuela, Angola e China. Regista ainda a recente presença em
mercados como a China e a Rússia.
Há poucas semanas a Gallo anunciou o investimento de oito milhões de
euros na nova linha de produção na fábrica em Abrantes, que vai
permitir incrementar a sua capacidade de embalamento de azeite em 50%.
Este investimento pretende reforçar a dinâmica exportadora da empresa
cuja faturação em mercados externos já representa 70%.

http://www.oje.pt/noticia.aspx?channelid=7FA8164D-8E3B-401E-A032-1CFA02F9B926&contentid=F552335C-B73A-4DBB-AB94-E9EA5D01A410

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