Japão
Pedro Duarte
21/03/11 00:30
Enquanto na central de Fusushima I continua a corrida contra o tempo
para impedir que os reactores derretam, da opinião pública vira-se
para os efeitos da crise nuclear na agricultura do país.
Tóquio revelou ontem que os traços de radiação que haviam sido
detectados, em primeiro lugar, no leite e espinafres das quintas
existentes na região da central começaram a aparecer em locais cada
vez mais distantes, transportados pela chuva, rios ou poeiras. "Estou
muito, mas mesmo muito preocupada. Temos medo que as nossas crianças
possam contrair cancros", disse aos jornalistas a residente de Tóquio
Mayumi Mizutani, enquanto realizava as suas compras no supermercado.
A primeira consequência internacional foi a apreensão por parte de
Taiwan de uma remessa de favas vindas do Japão, que continha iodo e
césio. Embora estes elementos não estivessem presentes em quantidade
suficiente para ameaçar a saúde humana, a alfândega taiwanesa preferiu
não correr riscos.
Na Europa, Bruxelas aconselhou todos os 27 Estados-membros a realizar
testes de radioactividade aos alimentos importados do Japão -
avaliados apenas em 65 milhões de euros em 2010, contra exportações
europeias de quatro mil milhões. Portugal importou em 2010 um total de
1,5 milhões de euros de produtos alimentares do Japão, mais 245% que
em 2005. O Diário Económico contactou as Finanças para saber quais as
medidas que estão a ser tomadas para escrutinar os produtos
alimentares vindos deste país, mas naõ obteve resposta até à hora de
fecho desta edição.
Na central de Fukushima I prosseguia ontem a luta para tentar
controlar a situação dos reactores, tendo duas das seis unidades sido
consideradas como fora de perigo. A pressão no reactor três voltou
entretanto a aumentar, podendo levar à libertação de mais radiação. Os
apagões causados pela falha de parte das centrais nucleares do país
continuam a manter paradas as fábricas da região, com consequências
globais. Nos EUA, a General Motors tornou-se na primeira empresa
estrangeira a ter que parar uma fábrica no seu próprio país, por não
estar a receber os componentes necessários, que eram fabricados no
Japão.
http://economico.sapo.pt/noticias/alimentos-contaminados-preocupam-mundo_113840.html
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