O apelo do mirtilo
Investigação comprova efeito antienvelhecimento e combate a diabetes e a obesidade
Publicado em 2013-05-22
HELENA NORTE
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Em Sever do Vouga, há cada vez mais jovens licenciados a dedicarem-se
ao cultivo de mirtilos. Estas bagas - poderosas agentes
antienvelhecimento - geram receitas de mais de um milhão de euros.
foto RUI DA CRUZ/GLOBAL IMAGENS
Sofia Freitas, mentora do projeto que elevou Sever do Vouga a capital
dos mirtilos
Já são algumas dezenas os jovens, maioritariamente com formação
superior, que estão a regressar à agricultura. E o número cresce todos
os dias. Exemplo disso é o sucesso da bolsa de terras, uma iniciativa
que vai leiloar 30 hectares para cultivo: numa semana, registou 15
candidaturas.
Com uma colheita anual a rondar as 110 toneladas, que deverão aumentar
consideravelmente nos próximos tempos devido à recente instalação de
novos produtores, Sever é atualmente o concelho que mais produz
mirtilos, embora estejam a surgir, por todo o país, novas explorações.
O apelo do mirtilo justifica--se facilmente. Uma produção com um
hectare, que pode ser explorada a tempo parcial, tem uma rentabilidade
de cerca de 20 mil euros/ano, de acordo com Sofia Freitas,
coordenadora da AGIM (Associação para a Gestão, Inovação e
Modernização do Centro Urbano de Sever do Vouga) e mentora da
estratégia que elevou aquele concelho de Aveiro a "capital do
mirtilo".
Outro fator determinante para o sucesso deste fruto é a existência de
apoios comunitários, que chegam a comparticipar 100% do investimento a
fundo perdido. Escoar a produção também não é problema: 80% vão para
exportação e, mais mirtilos houvesse, mais se venderiam. "Nós
produzimos cerca de 110 toneladas por ano. Um importador compra essa
quantidade numa semana", explica Sofia Freitas.
A juntar a estes fatores, há a bênção da Natureza: o microclima de
Sever, protegido por uma cadeia de serras, e a abundância da água que
favorecem o crescimento destas bagas, muito apreciadas principalmente
nos países nórdicos.
Combate diabetes
A colheita dos mirtilos acontece de maio a agosto. Para contrariar a
sazonalidade do produto, estão a ser desenvolvidas pesquisas para
valorizar os subprodutos. É o caso das folhas para fazer infusões.
Manuela Pintado, investigadora da Universidade Católica do Porto,
explica que as propriedades das folhas estão a ser validadas e que já
se confirmou "o elevado potencial antioxidante", assim como o efeito
antibacteriano, o que torna o mirtilo numa arma útil no combate a
infeções frequentes, como as urinárias.
Outras investigações em curso, em parceria da Católica com a Faculdade
de Medicina do Porto, revelaram que o mirtilo tem também elevado
potencial no combate à obesidade e diabetes, de acordo com a
responsável do projeto "Mirtilo com inovação" que visa ajudar os
produtores a maximizar as colheitas e as aplicações do fruto. A
comercialização do mirtilo seco ou congelado, sem perda significativa
de propriedades nutricionais, está também a ser estudada.
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Aveiro&Concelho=Sever%20do%20Vouga&Option=Interior&content_id=3232473&page=-1
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