sábado, 1 de junho de 2013

Bancos alimentares não receberam frutas e legumes nos primeiros meses do ano

Lusa30 Mai, 2013, 18:07

Os Bancos Alimentares Contra a Fome deixaram de receber doações de
frutas e legumes dos agricultores nos primeiros quatro meses do ano,
uma situação que está a preocupar a presidente da instituição.

Isabel Jonet disse hoje à agência Lusa que existe um programa
comunitário que incentiva os agricultores a doarem os seus excedentes
de produção de hortofrutícolas às instituições de solidariedade,
nomeadamente aos bancos alimentares.

Contudo, nos primeiros meses do ano "não houve qualquer fruta e
legumes retirados porque, provavelmente, o ano agrícola foi menos bom
ou porque alguma coisa funcionou menos bem no gabinete de planeamento
do Ministério da Agricultura e os produtores não tiveram o incentivo
para doar em vez de destruir", explicou.

As frutas e os legumes foram a "única fonte de abastecimento que
registou um decréscimo" nos bancos alimentares, disse Isabel Jonet,
que falava à Lusa a propósito da campanha de recolha de alimentos que
os Bancos Alimentares Contra a Fome (BACF) vão realizar no próximo fim
de semana.

A presidente da Federação Portuguesa dos BACF lembrou que "muitos dos
alimentos que os bancos alimentares aproveitam ao longo do ano iriam
ser destruídos", sendo necessário "ter em consideração que a
alternativa à destruição é uma alternativa muito importante".

"O que é um facto é que as próprias empresas contraíram a sua produção
e têm menos excedentes", salientou Isabel Jonet, alertando para outra
situação: o fim do programa comunitário de apoio alimentar a
carenciados no final do ano.

Para 2014 ainda não há nenhum substituto deste programa comunitário, adiantou.

Segundo Isabel Jonet, alguns países europeus "já têm programas
transitórios, enquanto se espera pelo regulamento da Comissão
Europeia, mas Portugal ainda não anunciou nenhum programa
transitório".

"Estou realmente preocupada", porque são muitas toneladas de
alimentos, disse, considerando que "tem de haver uma grande
mobilização da sociedade portuguesa e as instituições têm de continuar
a assegurar o seu trabalho, que tem sido a almofada de segurança da
sociedade portuguesa".

A agência Lusa contactou o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e
Ordenamento do Território, que remeteu o assunto para o Ministério da
Solidariedade e Segurança Social, que até ao momento ainda não
respondeu à Lusa.

O Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC) é uma
ação anualmente promovida pela Comissão Europeia e que adota um plano
de atribuição de recursos aos Estados-Membros para o fornecimento e
distribuição de alimentos. Os 20 bancos alimentares apoiam diariamente
2.221 instituições de solidariedade social em todo o país, que ajudam
378 mil pessoas.

Perto de dois milhões de pessoas vivem em Portugal em situação de
pobreza, das quais cerca de 160.000 não tinham, em 2012, capacidade
financeira para uma refeição de carne ou peixe, pelo menos de dois em
dois dias, segundo dados da Federação Portuguesa dos BACF.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=655497&tm=8&layout=121&visual=49

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