Raça alentejana
Após duas décadas de "avanços e recuos", Portugal exportou, pela
primeira vez, material genético de bovinos de raça alentejana para o
Brasil, uma "oportunidade de negócio" que os produtores portugueses
querem agarrar, sobretudo em tempos de crise.
15 de Junho, 08h09
"É uma oportunidade de negócios", porque o Brasil importa, por ano,
"12 milhões de doses de sémen de bovino", explicou hoje à agência Lusa
o secretário técnico da Associação dos Criadores de Bovinos de Raça
Alentejana (ACBRA), Pedro Espadinha.
O responsável realçou que esta primeira exportação pode "despertar" um
"nicho de mercado", com benefícios para os produtores portugueses que
"tiverem os melhores animais" e para a própria raça, cuja qualidade da
carne é reconhecida.
"Normalmente, as fêmeas utilizam-se em cruzamentos ou em linha pura e
os machos para [produção de] carne com Denominação de Origem Protegida
(DOP). Se conseguirmos vender genética, é mais um produto que esta
raça pode dar aos criadores", referiu.
A ACBRA enviou, no final de maio, 1.500 doses de sémen para o Brasil,
as quais vão ser utilizadas por criadores da raça caracu, que tem
descendência da alentejana, mas também para o cruzamento com animais
da raça nelore.
"Das 1.500 doses, 500 vão para um produtor, que, no Brasil, tem 32 mil
fêmeas. Portanto, o potencial é enorme e nós temos de agarrar a
oportunidade", indicou, considerando que esta venda é o "abrir de uma
porta" e que "o negócio pode vir a seguir".
Os produtores brasileiros, explicou, pretendem utilizar o sémen para
inseminação em bovinos caracu para "melhorar o morfotipo e dar algum
incremento genético à raça" e em animais nelore para lhes "dar outro
tipo de conformação, crescimento e aptidão cárnica".
CONTACTOS COM ANGOLA E MOÇAMBIQUE
Pedro Espadinha assinalou que os bovinos de raça alentejana têm
características que permitem o seu desenvolvimento num clima
subtropical, porque são "animais de extensivo que comem o que a terra
dá".
O interesse dos produtores brasileiros nos bovinos de raça alentejana
começou na década de 90 do século XX, mas só este ano um criador "fez
o pedido de importação" de sémen para inseminação em animais da raça
caracu, contou o mesmo responsável.
"Estamos a abrir uma porta que nos tem custado" e que "levou anos
demais", por "burocracia e má vontade" de algumas entidades, lamentou.
O secretário técnico da associação avançou que também existem
"contactos com Angola e Moçambique para enviar material genético" e
que, em breve, será remetido "outro contentor para o Brasil já com
mais doses".
"A ACBRA tem em banco com 30 a 40 mil doses de sémen para utilizar ou
para vender", o que é suficiente para "um arranque" das exportações,
disse Pedro Espadinha, frisando que, se o negócio crescer, terão de se
"fazer mais colheitas" de material genético.
Com um efetivo de cerca de 11 mil animais explorados em linha pura,
por quase 200 criadores, a ACBRA, com sede em Assumar, no concelho de
Monforte (Portalegre), é uma das maiores associações do setor em
Portugal.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/sociedade/portugal-exporta-semen-de-bovinos-para-o-brasil
Sem comentários:
Enviar um comentário