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Pedro Pimenta
O ano que passou foi marcado por uma inesperada bonança para os
produtores de milho. As secas observadas nos EUA - um gigante na
produção a nível mundial - levaram a uma escassez que,
consequentemente, conduziu a um aumento dos preços.
Como tal, os produtores de milho viram um ano com rendimento acima da
média. Ao invés os produtores pecuários, tanto nacionais como
internacionais, viram o custo alimentar dos seus efectivos crescer de
tal forma que inviabilizou muitas explorações, por incapacidade de
repercutir no consumidor final esse aumento do custo alimentar.
Este ano, graças à melhoria do abastecimento e a uma recuperação das
reservas mundiais de cereais, os produtores de milho assistiram a uma
queda de preços significativa, que baixou, consideravelmente, as altas
expectativas dos produtores de milho trazidas do ano transacto.
A acentuada volatilidade que caracteriza o mercado mundial de cereais
cria inúmeras dificuldades não só aos produtores de cereais,
dificultando de sobre maneira o correcto planeamentos das suas
explorações agrícolas, como também aos nossos clientes dos sectores
animais que face a estas constantes oscilações têm dificuldade em
programarem atempadamente as seus investimentos ao longo do ano.
Cabe-nos no entanto relembrar que, de forma a minimizar os efeitos da
volatilidade dos preços dos cereais na União Europeia, é necessário
criar mecanismos de regulação dos mercados que permitam garantir o
rendimento dos agricultores europeus e assegurem o aprovisionamento
alimentar da população europeia.
Além das medidas da PAC há ainda que ter uma certa consciencialização
de quem investe na fileira do Milho. É de facto uma cultura de
excelência, mas que não pode ser vista à luz de investimentos a curto
prazo. Há que perspectivar e planificar as culturas a longo prazo, de
modo a fazer face à acentuada oscilação dos preços.
Não podemos ainda cair na tentação de fazer avaliações com base em
questões meramente economicistas. Apesar das cotações variarem
mundialmente, de região para região, há que saber avaliar o nível de
qualidade e reconhecer a excelência do nosso milho. Continuará a ser
nosso objectivo primordial garantir qualidade e segurança alimentar,
que terá necessariamente de ser valorizada perante os nossos
agricultores.
Vivemos assim na incerteza daquilo que será o dia de amanhã, mas com a
certeza que seremos suficientemente fortes para continuarmos a apostar
no crescimento de sectores fortes e promissores.
Pedro Pimenta
Director da ANPROMIS - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo
http://www.agroportal.pt/a/2013/ppimenta.htm
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