segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Encerraram 11 empresas por dia no ano passado

CRISE
por ILÍDIA PINTOHoje
Quase 4000 empresas pediram a insolvência em 2010, mais 8,29% do que
no ano anterior. Um quarto situa-se no distrito do Porto. Construção e
imobiliário são os sectores mais penalizados.
Foram quase quatro mil as empresas em dificuldades financeiras que
pediram a insolvência ao longo do ano de 2010, mais 8,29% que no ano
anterior. São 11 por dia. Um crescimento de 305 casos em relação a
2009 e de 1188 face a 2008, quando a crise começou.
De acordo com os dados do Instituto Informador Comercial, a que o DN
teve acesso, mais de mil empresas situam-se na região do Porto e
outras 800 em Lisboa. Mas foram distritos como Beja, Faro, Portalegre
e os Açores que registaram, em termos percentuais, os maiores
aumentos. Destaque para o boom de insolvências na agricultura,
silvicultura e exploração florestal e para a pesca e aquicultura. E,
pelo seu peso, para a construção, promoção imobiliária e para o
comércio.

Com evidentes dificuldades de competitividade face aos concorrentes
europeus, a agricultura e a produção animal acumulou, em 2010, 29
empresas em situação de insolvência, mais 18 do que no ano anterior.
Na silvicultura e exploração florestal sete empresas declararam-se em
dificuldades, quando o sector, dois anos antes, registava apenas um
caso. Situação idêntica à pesca e aquicultura, que regista quatro
casos, contra um há dois anos. Recorde-se que a declaração de
insolvência é o primeiro passo para que uma empresa em dificuldades
financeiras possa entrar em processo de recuperação, o qual terá de
ser aprovado em assembleia de credores.
Mas é a construção e o imobiliário que mais pesam no total das
empresas que fecharam as portas em Portugal: 1058 casos. A atravessar
uma crise histórica, que se arrasta desde 2002, o sector da construção
contribui com 846 empresas a declarar insolvência, sendo que só 536
são referentes à área da promoção imobiliária e construção de
edifícios, o segmento mais afectado pela crise e que regista um
agravamento de 157 casos num só ano. Se acrescentarmos as actividades
imobiliárias a este número, o crescimento é de 191 situações para um
total de 648 casos.
Os responsáveis da construção e do imobiliário têm alertado para "a
situação-limite" em que vive o sector, de quase luta pela
sobrevivência. Nos últimos sete anos, a construção e o imobiliário
perderam 206 mil postos de trabalho, sendo responsáveis por 47% do
total de desempregados em Portugal. Com o arrastar da crise, acumula
uma quebra de produção de 30% desde 2002.
Preocupado, Reis Campos, vice-presidente da Federação das Empresas de
Construção, tem considerado que os números das insolvências "pecam
sempre por defeito", porque estes processos são lentos. E alerta que
"se nada for feito vão agravar-se muito mais".
O comércio a retalho e por grosso é, no conjunto, o segundo sector com
maior peso nas insolvências, num total de 1001 casos, embora em 2010
registe um ligeiro recuo face a 2009 (ver infografia). É o resultado
do apertão no cinto das despesas das famílias portuguesas e do impacto
da forte concorrência das grandes superfícies.
Significativo, num ano em que o país atravessou grandes dificuldades
económicas, é o aparecimento de cinco empresas de actividades
auxiliares de serviços financeiros e dos seguros a reque- rerem
processos de insolvência, quando, nos últimos dois anos, havia apenas
uma situação.
Menos casos de empresas em dificuldades registaram indústrias como os
têxteis e o vestuário, o couro, ou os transportes terrestres e
transportes por oledutos ou gasodutos, todos com menos 25 a 30
situações do que em 2009.
O Porto continua a ser o distrito com maior peso de empresas
insolventes (1003 casos), seguido de Lisboa (797) e de Braga (575). Os
três distritos em conjunto representam nada menos de 60% das empresas
em processo de insolvência do País.
http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1747357

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