quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Preço dos alimentos pode aumentar em Portugal

Preço dos alimentos pode aumentar em Portugal
00h30m
VIRGÍNIA ALVES
Os preços dos alimentos atingiram novos máximos em Dezembro,
ultrapassando os registados no Verão de 2008, durante a crise
alimentar. Os valores são mundiais e apresentados pela FAO, mas vão
ter reflexos em Portugal, que importa boa parte do que consome.
Custos do açúcar aumentaram
A situação "é alarmante", disse Abdolreza Abbassian, economista da
Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) da ONU. Para
Portugal, o cenário é considerado de uma "gravidade muito grande" pela
presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas.

A subida vai ter "inevitavelmente impactos nas contas do
supermercado", disse ao JN João Machado, presidente da Confederação
dos Agricultores de Portugal (CAP), lembrando que Portugal é
importador de boa parte das matérias-primas alimentares e "quem não
produz paga mais caro".
Recorde-se que já no ano passado, em Novembro e face a igual mês de
2009, os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas registaram um
aumento de 1,9%, sendo que a carne subiu 1,3% e o pão e cereais 0,2%.
De acordo com o documento da FAO, em Dezembro o índice de preços de 55
matérias-primas alimentares (que tem por base os anos 2002-04)
continuou a subir pelo sexto mês consecutivo e alcançou os 214,7
pontos, acima dos valores históricos atingidos durante o Verão de
2008, que resultaram numa crise alimentar em diversos países, com
protestos e vítimas mortais.
Segundo o relatório da FAO o valor recorde agora atingido deve-se
particularmente à subida dos custos do açúcar (398,4 pontos face a
373,4 pontos em Novembro) e da carne que subiu de 141,5 para 142,2
pontos.
Além das subidas de preços provocadas pela inflação em Portugal,
juntam-se agora os valores a pagar para importar, e para o presidente
da CAP, algumas dessas situações eram evitáveis. Dá como exemplo o
açúcar e para isso recorda que "a Europa tinha excesso de produção
desse produto em 2003 e 2004, feito à base de beterraba sacarina.
Portugal tinha uma quota de 70 mil toneladas e podia subir às 100,
sendo que era considerada da melhor qualidade".
No entanto, "há cinco anos, as fábricas e os produtores foram
subsidiados para deixar de produzir, Centenas de produtores
abandonaram a beterraba e a fábrica agora produz a partir da rama da
cana de açúcar que tem que importar a preços elevados". Ficamos
totalmente dependentes do exterior para o açúcar e, por vezes, como
aconteceu pelo Natal, há rupturas de stocks.
O preço dos cereais também continua a subir para os 237,6 pontos, o
nível mais alto desde Agosto de 2008 e de acordo com o economista da
FAO, "continua a existir potencial para os preços dos cereais
continuarem a subir".
Para Pedro Queirós, presidente da Federação das Indústrias Portuguesas
Agro-alimentares (FIPA), "os preços elevados e sem expectativa que
venham a descer, representa uma situação dramática para as indústrias
com as facturas de produção a serem pouco suportáveis".
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1749488

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