terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Praga obriga ao abate de 2,3 milhões de árvores

por LUÍS MANETAOntem
Entre 2009 e 2010 foram eliminados 2,3 milhões de pinheiros atingidos
pela praga do nemátodo. A região centro (onde foram abatidas 1,7
milhões de árvores) é a zona mais afectada, tendo sido detectados
focos da doença em locais emblemáticos como o perímetro florestal do
Buçaco, a Mata Nacional de Valado de Frades (Nazaré) e o Juncal (Porto
de Mós).
"Estamos a viver uma situação gravíssima. A mancha está a alastrar de
forma incontrolável", diz Vasco Campos, presidente da Federação
Nacional das Associações de Produtores Florestais (FNAPF), revelando
que em concelhos como Penacova, Tábua, Oliveira do Hospital e Santa
Comba Dão o nemátodo avança de forma "muito rápida e preocupante".
À ineficácia das medidas de contenção tomadas desde o primeiro foco da
doença, há cerca de 10 anos, Vasco Campos aponta como causas da
"tragédia" a idade avançada de muitos proprietários e a reduzida
dimensão das parcelas, o que "não permite uma gestão florestal
activa".

"As pessoas não cortam as árvores infectadas em devido tempo, não
fazem as alterações florestais que deveriam e isso ajuda à progressão
rápida da doença. A floresta de pinheiro bravo na nossa região [Beira
Interior] está condenada a médio prazo. No resto do País será uma
questão de tempo", garante o presidente da FNAPF.
A presença da praga do Nemátodo da Madeira do Pinheiro (NMP) já foi
identificada em 205 freguesias, correspondendo a uma área territorial
de 1,1 milhões de hectares, dos quais 130 mil ocupados por pinheiro
bravo. "Poder-se-á estimar uma área de 130 mil hectares de pinho onde
é calculável a presença de NMP, estimativa por excesso porquanto foi
considerada afectada toda a área ocupada por pinheiro bravo, não sendo
considerada a real taxa de afectação comparativamente ao número de
exemplares" com sintomatologia da doença, refere fonte do Ministério
da Agricultura.
Trata-se de um número abaixo da estimativa avançada pela Associação
das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), segundo a
qual o nemátodo afectará cerca de 380 mil hectares dos 790 mil
hectares de pinhais existentes em Portugal, colocando em risco 10 mil
postos de trabalho numa fileira que representa 3,1% do Produto Interno
Bruto (PIB).
A eliminação de árvores coníferas hospedeiras do NMP incidiu no último
ano uma área de 600 mil hectares, dos quais cerca de 211 mil são
ocupados por pinheiro bravo. A recolha de amostras para detectar a
presença da doença incide agora nas áreas florestais adjacentes às
atingidas pelos incêndios do passado Verão, mais susceptíveis à
colonização pelo insecto que transporta o verme microscópico
responsável pela contaminação das árvores, sobretudo ao nível da copa
e ramos, e seu posterior declínio.
O Ministério da Agricultura negociou com as associações do sector o
lançamento de outras medidas para atacar a doença, incluindo a
marcação e remoção de árvores contaminadas e a instalação de
armadilhas para monitorização do insecto-vector tanto nas áreas
afectadas como "zonas tampão". O objectivo é cobrir uma área potencial
de 400 mil hectares de floresta de pinheiro bravo.
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1747293

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