Exportação de eucalipto já rende 2,5 milhões/ano

Diário de Notícias
Quarta, 5 de Janeiro de 2011
Madeira
Emanuel Silva
Em 2010 foram exportadas 72 mil toneladas de eucalipto
(aproximadamente 120 mil metros cúbicos). FOTO ARQUIVO

São os negócios da floresta que não têm de ter uma conotação
pejorativa. A exportação para o continente de eucaliptos da Região
para a produção de celulose (pasta de papel e contraplacados de
madeira) já representa uma facturação anual de 2,5 milhões de euros.
Em 2010 foram 72 mil toneladas que renderam directamente aos
proprietários florestais sensivelmente 850 mil euros. Contas feitas no
embarque no Porto do Caniçal (custo da madeira +custo de operação de
corte e rechega da madeira +custo de transporte) o negócio representa
um valor que ultrapassa os 2,5 milhões de euros.

O eucalipto continua a ser um recurso para a armação de telhados de
casas (ultimamente substituído pela armação em ferro). A Floresta
abastece ainda as serragens que ainda temos, sobretudo de pinheiro
bravo (sofreu uma quebra com a doença do nemátodo do pinheiro e com a
concorrência da madeira 'standard' importada a preços competitivos).
As acácias são mais utilizadas como lenha e estão em crescendo as
empresas unipessoais que cortam, colhem, embalam e vendem lenha
standardizada para lareiras, restaurantes e padarias. Também crescem
as actividades ligadas à recolha de composto orgânico recolhido na
Floresta para espaços ajardinados.
A Floresta é também um manancial de matéria-prima e já há ideias para
a produção de energia eléctrica através de biomassa (a Nutroton, por
exemplo). As centrais de biomassa estão vocacionadas para economias de
escala, perto de unidades industriais que se sirvam delas, mas, na
Região, podem surgir se forem bem dimensionadas e não megalómanas. É
que, se não o forem, facilmente se esgota a matéria-prima (são
necessários 30 a 40 camiões diários para alimentar a fábrica) e
teremos o inevitável recurso ao carvão importado.
Há cálculos que indicam que a matéria-prima terá de ser quase grátis à
entrada da central de biomassa (25 euros à tonelada) -que deve já
cobrir a recolha (braçal no caso do relevo da Madeira que
impossibilita a recolha mecânica de matéria-prima)- e o transporte até
à fábrica.
Também ligada à floresta existem os inúmeros cursos de água que
poderiam ser aproveitados/rentabilizados. A produção de trutas e o
aproveitamento de declives para, através de mini-hídricas, produzir
energia é outra das potencialidades. Na Fajã dos Padres, por exemplo,
uma queda de água de rega já é utilizada para esse fim. A IGA e a EEM
têm uma palavra a dizer.
Outras actividades ligadas à floresta como a apicultura valem pela
complementaridade enquanto recurso económico. E, em matéria de
produção de mel, a Madeira pode ainda ir mais longe.
Jornadas florestais a 8, 9,10 e 11 de Fevereiro
A 8, 9, 10 e 11 de Fevereiro realizam-se na Madeira as V Jornadas
Florestais da Macaronésia. A organização está a cargo da Secretaria do
Ambiente e Recursos Naturais (SRARN) através da Direcção Regional de
Florestas (DRF) com a colaboração e participação das organizações
governamentais com a tutela das Florestas na Macaronésia, nomeadamente
a Consejeria de Agricultura, Ganadería y Médio Ambiente e a Secretaria
Regional de Agricultura e Florestas dos Açores.
As Jornadas Florestais são consideradas pela SRARN "de enorme
utilidade e importância, principalmente para as regiões que formam a
Macaronésia, pois corresponde a uma oportunidade para cada Região dar
a conhecer às restantes participantes os diferentes trabalhos na área
técnico/científica desenvolvidos no sector florestal, além de promover
o natural intercâmbio de conhecimentos e ideias entre técnicos".
A realização das Jornadas constituem uma acção enquadrada no âmbito de
um Projecto MAC -2007-2013 (Cooperación Transnacional) intitulado
FORESMAC (Cooperação e Sinergias em Matéria de Aproveitamento
Florestal Sustentável na Região da Macaronésia).
http://www.dnoticias.pt/impressa/diario/243579/madeira/243615-exportacao-de-eucalipto-ja-rende-25-milhoesano