Sociedade
13h42m
Portugal é muito vulnerável à oscilação de preços dos alimentos porque
é demasiado dependente do exterior, alerta uma dirigente da
confederação de agricultores CONFAGRI.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO)
revelou ontem, quarta-feira, que o índice de preços dos alimentos
aumentou, pela sexta vez consecutiva, em Dezembro, atingindo um valor
recorde (214,7 pontos, acima do máximo de 213,6 pontos que registou na
crise alimentar de 2008), situação que Maria Antónia Figueiredo
considera "muito preocupante" para Portugal.
"Se somos muito dependentes, somos muito vulneráveis a qualquer
aumento de preços que haja ao nível do mercado internacional", afirmou
a secretária-geral-adjunta da Confederação Nacional das Cooperativas
Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (CONFAGRI).
Maria Antónia Figueiredo sublinhou que Portugal não produz açúcar,
depende muito das importações para produzir pão, produz apenas 50% da
carne de vaca que consome e apenas está próximo da auto-suficiência no
caso dos suínos e das aves, que têm sido também afectados pela subida
dos preços porque a base das rações são os cereais.
"Só somos auto-suficientes no vinho e no leite", apontou a também
presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas e Importação
Agro-Alimentar (OMAIAA).
A engenheira apela, por isso, a que Portugal encare "a agricultura
como um sector estratégico", retomando a produção na "metade do país
que está desertificada e despovoada".
A responsável da CONFAGRI sublinhou que para Portugal manter "um
mínimo de segurança na alimentação" é preciso promover a produção
nacional. "A sociedade tem de valorizar o sector agrícola e encarar a
profissão com dignidade", disse.
Hoje em dia, ser agricultor ou ser empresário agrícola já não é como
antigamente, já não é ser do campo. No futuro, quem tiver terrenos
agrícolas a produzir terá um bem muito importante", declarou Maria
Antónia Figueiredo, acrescentando que a recuperação de terras
abandonadas poderia até ajudar a diminuir o desemprego.
A responsável adiantou que "não há um fenómeno específico" que
justifique a escalada de preços, mas antes uma conjugação de factores,
entre os quais o facto de os alimentos se estarem a transformar numa
forma de rentabilidade, à semelhança do petróleo.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1750146
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