Em Arcos de Valdevez, Vasco Croft está a produzir vinhos e espumantes
biodinâmicos em 20 hectares de vinha.
Margarida Cardoso (www.expresso.pt)
9:00 Quarta feira, 5 de Janeiro de 2011
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Quando Jancis Robinson, crítica de vinhos do jornal "Financial Times",
elegeu um verde tinto - o Afros Vinhão 2009 - como uma das suas
escolhas para o verão de 2010, a Região dos Vinhos Verdes estranhou.
Habituado a ver o consumo de vinho verde tinto limitado às fronteiras
regionais, o Minho não esperava ter umdos seus incluído numa seleção
mundial.
No entanto, Vasco Croft, produtor do vinho distinguido, acredita que o
potencial exportador dos vinhos tintos da Quinta Casal do Paço
Padreiro, em Arcos de Valdevez, pode ser idêntico ao dos brancos.
85% das vendas no exterior
"Os nossos vinhos são mais valorizados no estrangeiro", comenta o
arquiteto, em fase de mudança de Lisboa para o Minho, onde decidiu
dedicar-se à produção biodinâmica na quinta da família e criar a marca
Afros, já a pensar na internacionalização.
Aliás, viu também um dos seus verdes brancos integrar a lista dos dez
melhores vinhos étnicos do mundo do jornal britânico "The
Independent".
No seu projeto, iniciado em 2003, as exportações são prioritárias e
garantem 85% das vendas, levando a jovem marca Afros a 11mercados, de
Inglaterra aos Estados Unidos e Japão. "É um circuito fora do mercado
da saudade", refere.
Investir na vinha
A produção começou no Casal do Paço, uma quinta do século XVII com 20
hectares, seis dos quais dedicados à vinha, com vista para o rio Lima.
Mas Vasco Croft rapidamente percebeu que precisava de mais uvas para
vinificar e dar dimensão ao projeto. Comprou uma quinta com oito
hectares de vinha na vizinhança, em Refoios, e alugou mais seis
hectares.
Para isso, investiu €1 milhão, valor que vai duplicar a curto prazo
com a construção da adega e a aquisição de equipamentos. Em carteira
tem, também, o projeto de um bar para provas, em Refoios.
Só trabalha com vinhas próprias porque em 2006 decidiu começar com
ométodo biodinâmico, "um modo de produção agrícola que assenta numa
base holística, considera as constelações solares, segue o calendário
lunar e tenta fazer de cada exploração uma unidade independente",
explica. Para isso, recorre a práticas de agricultura sustentável que,
segundo Vasco Croft, consideram a totalidade do ecossistema, das
vinhas aos insetos, animais, flora e tipo de solo, de modo a minimizar
pragas e doenças.
"Não é apenas uma questão ecológica. Esta opção também visa fazer
vinhos de qualidade porque nos permite ter a natureza a funcionar a
favor dos vinhos, de forma natural e isso leva os sabores e os aromas
a outra dimensão", diz o produtor.
Multiplicar vendas por 4
A quinta, em fase de certificação biodinâmica, produziu na última
vindima 35 mil garrafas de vinho e espumante das castas Loureiro e
Vinhão, todas com denominação de origem vinho verde. "Neste momento,
ainda temos muita vinha que não está a produzir", refere Vasco Croft.
Em 2013, quer vender 120 mil garrafas e continuar a ter a sua
principal base comercial no estrangeiro, porque "o mercado nacional
está muito saturado de vinho" e lá fora há um número crescente de
consumidores recetivos à oferta biodinâmica.
Em volume, as vendas deverão passar dos atuais €110 mil para €400 mil.
Neto de José Vaz Guedes, fundador da Somague, acredita ter na Ásia um
dos destinos-alvo dos seus vinhos. Há duas semanas, deu mais um passo
nesse sentido: um importador de Singapura, que visitou a quinta no
âmbito da primeira conferência internacional da ViniPortugal, garantiu
novas encomendas no eixo asiático.
http://aeiou.expresso.pt/uma-quinta-biodinamica=f623978
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