A Feira do Fumeiro de Vinhais, que termina hoje no concelho transmontano, transaccionou durante quatro dias um valor "entre 400 a 500 mil euros" apenas em típicos enchidos, divulgou a organização.
Apesar do mau tempo não ter ajudado, a coordenadora do mais antigo certame de produtos regionais em Trás-os-Montes, Carla Alves, garantiu à Lusa que "os negócios correram bastante bem" e que os pequenos produtores do concelho "transaccionaram entre 400 a 500 mil euros apenas de fumeiro".
Há 34 anos que Vinhais, no Distrito de Bragança, organiza esta feira e apostou numa fileira que lhe confere o estatuto de "capital do fumeiro", movimenta seis milhões de euros por ano e assegura 300 postos de trabalho num concelho rural com cerca de 10 mil habitantes.
E a organização e produtores garantem que "nem a crise" tem afastado compradores, que se deslocam de outras zonas de Portugal e da vizinha Espanha a Vinhais de ano para ano e repetem encomendas de fumeiro que chega a custar 40 euros o quilo do salpicão, a peça mais cara entre os diferentes enchidos, todos com Indicação geográfica Protegida.
O certame distingue também os produtores, nomeadamente no concurso do melhor salpicão, ganho este ano por uma das produtores mais antigas, Vera Alves, que recebeu 150 euros em dinheiro e um troféu, entregues pelo secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito.
O governante ouviu queixas e a reivindicação destes produtores e do autarca local pela "simplificação da burocracia" associada à produção e comercialização destes produtos regionais e garantiu que o Governo está a tomar medidas nesse sentido.
Segundo adiantou, "provavelmente ainda este mês vai sair uma portaria de pequenas quantidades, que vai facilitar a venda directa dos produtores para a área da restauração e a venda directa a nível de quantidades".
Esta portaria, continuou, contempla também menos análises, o que "significa menos custos para os pequenos produtores".
O governante foi ainda confrontado com as preocupações locais relativamente ao encerramento em Mirandela do laboratório de apoio à actividade agropecuária e assegurou que "não vai fechar, mas sofrer alterações no âmbito da reestruturação de toda a área laboratorial e de investigação que o Governo está a fazer".
Segundo explicou, o Governo pretende "concentrar" as análises da sanidade animal, no caso no Porto, e em Mirandela ficará uma estrutura, para já, virada para azeite, mas que "pode começar a tratar de outros produtos, nomeadamente o fumeiro".
A explicação não convenceu o presidente da Câmara de Vinhais, o socialista Américo Pereira, que considerou "uma asneira aquilo que se está a fazer".
"No Porto que eu saiba não há estas necessidades pecuárias que justifiquem um laboratório desta natureza", argumentou, defendendo que deve é servir a população de Trás-os-Montes e da zona rural porque é aí que há agricultura".
Américo Pereiro lançou um repto a todos os autarcas e aos deputados, inclusive do PSD, eleitos pela região "para que se oponham e para que tentem inverter esta decisão".
Fonte: Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário