11-02-2014
A precipitação em Portugal continental este em Janeiro «50 por cento acima dos níveis normais» e a média da temperatura mínima registada «foi de três graus acima do normal», revelou pedro Viterbo, do Instituto Português do mar e da Atmosfera (IPMA), ao jornal i.
O especialista da UTAD considera, no entanto, que estas situações extremas «não podem ser atribuídas a alterações climáticas», pois isso não se pode concluir «apenas num ou dois Invernos». Este tipo de alterações, defende, «tem de ser sempre analisado num período longo: de duas ou três décadas, ou mais».
Os «dados e relatórios» do próprio IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas), explicou João Andrade Santos, investigador da Universidade de Trás-os-Montes (UTAD), mostram que a probabilidade de ocorrência destes eventos extremos, como as tempestades Hércules e Stephanie, «será maior no futuro devido ao aquecimento global, à acção humana e aos gases com efeito de estufa».
Filipe Duarte Santos, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem outra opinião, refere o i. Defende ser «muito provável» a relação destes fenómenos extremos com as alterações climáticas.
A posição é partilhada pelo Met Office, serviço meteorológico do Reino Unido, que «num comunicado recente não encontrou uma explicação alternativa» para estas situações.
Duarte Santos alertou para um tempo de retorno médio, frequência de repetição destes eventos, que, «no passado, era há volta dos 100 anos», e agora pode ser «de semanas». Esta sucessão recente de tempestades, contudo, «não significa que isto venha a acontecer todos os Invernos», embora sublinhe que «estes eventos se vão repetir num espaço cada vez mais curto de tempo». Hoje são considerados extremos e no futuro passarão «a ser comuns e menos invulgares», concluiu João Andrade dos Santos.
Explicou que «estes ciclones extratropicais estão associados às correntes de jacto, de ar, argumentou, que circulam da América do Norte para a Europa e, «por norma, a latitudes mais elevadas do que têm estado este ano». Estas correntes trazem «ciclones» formados pelo «contraste entre massas de ar frio e quente».
Tudo «situações normais», assegura o investigador, mas que continuarão a afectar Portugal «enquanto essa corrente não se deslocar para norte» e voltar a afectar as Ilhas Britânicas, «como faz normalmente».
O fenómeno começou «por altura do Natal» e tem sido «uma constante nas últimas seis/sete semanas», prosseguiu Pedro Viterbo. Quando uma depressão supera os 24 hectopascal (medida de pressão) em 24 horas, os especialistas chamam-lhe «bomba».
O responsável pelo Departamento de Meteorologia e Geofísica do IPMA revelou que «desde Dezembro» o país já registou «mais de sete». Na tempestade Hércules, ocorrida entre quatro e seis de Janeiro), aliás, houve «duas bombas em dois dias consecutivos».
Fonte: diáriodigital
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