15 de Abril, 2014por Sónia Balasteiro
© José Sérgio
É um dos mais saudáveis produtos que podemos comer. Falamos do tomate, rico em antioxidantes como licopeno e betacaroteno.
As boas notícias continuam: "O tomate português é o melhor do mundo", garante, sem quaisquer dúvidas, Miguel Cambezes, secretário-geral da Associação Nacional dos Industriais de Tomate. "É o que tem a melhor cor e o que tem mais sabor, é o mais doce", explica o também presidente da Organização Europeia dos Industriais de Tomate. Para esse sabor e qualidade contribuem os solos do país e, sobretudo, o sol. E também o 'brix', ou seja o nível de 'açúcar' do tomate - no caso do tomate português, anda entre os 4.0 e os 7.5, mantendo-se em média nos 5.0. Uma pontuação alta.
Acresce a isto o facto de Portugal ter - e muitos - tomates: é o quinto produtor mundial deste fruto para indústria, com uma produção de 997 mil toneladas em 2013. Mais de 95% destina-se a exportação.
Dentro de portas, a Sugalidal, que abastece a Guloso, é simultaneamente a maior produtora nacional do fruto e, com duas fábricas, em Benavente e na Azambuja, a que mais transforma - 450 mil toneladas de tomate por ano. Em 2012, esta empresa tornou-se mesmo o segundo maior produtor mundial de concentrado de tomate, depois de ter adquirido uma fábrica no Chile, a Tresmontes Luchati, passando a processar 1.150 milhões de toneladas de tomate num ano.
Seguem-se a Italagro, instalada em Castanheira do Ribatejo, e a sua subsidiária, a FIT, ambas empresas do Grupo HIT SGPS (detidas pelos japoneses da Kagome Corp.), com uma capacidade para processar 350 mil toneladas ao ano e cerca de 65 milhões de euros de facturação em 2013. Este ano, o objectivo do grupo é chegar aos 72 milhões.
Praticamente todo o produto destina-se a exportação: Japão, Reino Unido, Médio Oriente, Rússia, Suécia e França são os principais amantes deste tomate português.
Para se ter uma ideia, no Japão, o tomate produzido em Portugal é tão apreciado que é incorporado nos mais diversos tipos de produtos, incluindo "a cerveja, onde é utilizado como corante natural, ou como produto natural com propriedades anti-inflamatórias na cosmética", explica o responsável da empresa, Vítor Farinha.
Utilizando tecnologia de ponta e gozando de uma das mais organizadas fileiras da agro-indústria portuguesa, o tomate nacional tem ainda outros nomes a dar cartas.
O SOL visitou uma fábrica de transformação de tomate e aprendeu como o tomate fresco se transforma em concentrado - aumentando também a sua concentração de licopeno e betacaroteno. E o brix, claro. A Sopragol, o maior empregador privado da zona de Mora, já teve capitais nacionais, italianos e agora é espanhola. Emprega 300 pessoas, das quais 250 durante a campanha.
O processo começa à entrada da fábrica, com a pesagem e a classificação do produto fresco, que chega de uma das 12 organizações de produtores que abastecem a Sopragol. Aí, através de uma sonda metida no camião, é retirada uma amostra através da qual se percebe o que é e o que não é tomate. Depois, há que definir o brix. "Quanto mais alto for o brix, mais pago", explica o administrador da empresa António Praxedes. Cerca de 60 euros a tonelada. Este tem entre 4,6 a 5,7 de brix: é bom.
O tomate escolhido entra então numa linha de lavagem, para seguir o seu destino. Vê-se um mar de tomates vermelhos na passadeira, em constante movimento. "O tomate é basicamente apenas pele, sementes, açúcar e água. No triturado, o que fazemos é triturar o tomate. Tiramos-lhe a pele e as sementes. Se é concentrado, passa num crivo muito fino. Mandamos todo este sumo para reservatórios, vai para evaporadores que lhe retiram toda a água e o esterilizam, e passa aos recipientes, a sacos. Uma parte anda em circuitos fechados", ou seja, que não estão à vista, conta o responsável, há 35 anos na actividade. Sempre sem conservantes: "Conservamos a temperaturas de 90oC. É arrefecido a vácuo e a seguir vai para as cabeças de enchimento, estéril, asséptico e é logo colocado em bidons. É este choque térmico que mata a bicharada toda".
Depois é só guardar o produto, uma vez que muitos clientes ainda utilizam as instalações da empresa como reservatórios. "Vamos expedindo as paletes num prazo de um ano, conforme as encomendas", diz Praxedes. "Terminamos a campanha em Setembro e o produto sai apenas em Julho, Agosto".
Além do triturado e do concentrado, a Sopragol produz ainda o tomate em cubos, acabado, para empresas de catering: "A diferença é que em vez de ser triturado é cortado, entra em latas e é-lhe adicionado sumo. Depois é acondicionado".
Cerca de 95% destina-se a exportação, sobretudo para Espanha, onde está a empresa-mãe. E com sucesso: 110 mil toneladas, que se traduzem em cerca de 20 milhões de euros ao ano. Além disso, o cliente terá um dos mais saudáveis produtos que existem, tão natural que, depois de abrir uma lata, ou se consome ou tem de se congelar, senão há fermentação.
Essa qualidade passará a constar nas embalagens: "Estamos em trâmite processual para o reconhecimento científico do tomate como 'produto benéfico para a saúde'", confidencia Miguel Cambezes.
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