Publicado a 28 de Janeiro de 2011 . Na categoria: Destaque Sociedade .
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O presidente da Junta de Alvorninha anunciou que a barragem vai
finalmente servir para fornecer água para a agricultura
Pedro Santana Lopes era primeiro-ministro de Portugal quando veio
inaugurar, a 22 de Janeiro de 2005, a barragem de Alvorninha, uma obra
que custou cinco milhões de euros. Seis anos depois, é esperado que
finalmente a água entretanto acumulada sirva para a agricultura de
regadio.
Ao longo destes anos Gazeta das Caldas tem recordado várias vezes o
facto de esta barragem há tanto tempo construída não estar servir para
nada.
Em Junho de 2008, José Canha, director regional da Agricultura e
Pescas do Ribatejo e Oeste, explicava que tudo estava a decorrer de
uma forma normal e que se tratava do processo de enchimento. Isto
depois de, em 2007, ter afirmado que no ano seguinte a barragem
funcionaria normalmente.
Agora, o presidente da Junta de Alvorninha, Virgílio Leal, explicou
que durante o primeiro enchimento "notou-se que havia uma ligeira fuga
de água numa das saídas, que se veio mantendo". Será algo de ínfimo,
mas o suficiente para que o LNEC, que acompanhou a obra, necessitasse
de fazer novos testes.
Agora está previsto que no final do Verão de 2011, depois de ter sido
iniciada a rega, sejam feitos novos ensaios e, se tudo estiver normal,
será finalmente emitida a licença de utilização.
A 14 de Janeiro, dia do jantar de ano novo da freguesia, o presidente
da Junta de Alvorninha, reuniu com José Canha, a direcção da Junta de
Agricultores e a Câmara das Caldas. "Há a partir de hoje a garantia de
que logo que seja possível começar a regar podemos começar a fazê-lo",
revelou Virgílio Leal.
Nas próximas semanas serão feitas algumas descargas para mais testes e
lavagem das condutas.
Está previsto que para as primeiras regas exista água suficiente para
50 hectares de campos agrícolas. Quando estiver na sua total
capacidade, a barragem poderá vir a servir cerca de 100 agricultores.
A albufeira da barragem de Alvorninha tem capacidade para armazenar
711 mil metros cúbicos, inundando uma área de 11 hectares servindo
terrenos das freguesias de Alvorninha, Vidais e Salir de Matos.
As boas notícias de 2010
A Junta de Alvorninha promoveu a 17ª edição do jantar de ano novo da
freguesia, que reuniu 140 pessoas no restaurante "O Cortiço". Os
encontros realizam-se fora da freguesia porque é preciso uma sala com
capacidade para mais de 100 pessoas.
Foram convidados a participar professores, educadores de infância,
funcionários das escolas, dirigentes das colectividades, membros da
assembleia de freguesia e os funcionários da Associação de
Desenvolvimento Social da Freguesia (ASAF).
"É uma forma de agradecer a todos o trabalho que fazem pela freguesia
pois, embora os funcionários recebam o seu ordenado, há muitas coisas
que fazem por amor à camisola", salientou o presidente da Junta.
Para o autarca, o ano de 2010 teve aspectos positivos e negativos.
Pelo lado bom, destaca-se a inauguração do Centro Educativo de
Alvorninha, a 20 de Junho, e a criação de uma equipa de futsal da
freguesia que está a disputar a 2ª Divisão Distrital.
O vereador Tinta Ferreira salientaria mais tarde que essa obra tinha
custado dois milhões de euros, dos quais metade foi pago pela Câmara e
a outra metade através de fundos comunitários. "Não veio dinheiro
nenhum da administração central", salientou.
Tinta Ferreira aproveitou a oportunidade para pedir aos pais que moram
naquela freguesia, mesmo os que trabalhem nas Caldas, para inscreverem
os seus filhos naquela escola.
Para que novos casais se possam radicar em Alvorninha a Câmara tem
vindo a desenvolver o projecto de urbanização social para jovens
naquela freguesia, um processo que tem vindo a arrastar-se há vários
anos e servido de promessa eleitoral em duas eleições autárquicas.
Já no jantar de ano novo de 2004 o presidente da Junta anunciava que
na segunda-feira seguinte iria ser aberto o concurso público para a
construção da urbanização social.
Sete anos depois, o vereador Tinta Ferreira anunciou que ainda durante
este mês seria assinada a escritura do primeiro casal que irá
construir naquela urbanização para jovens.
Falta de médicos na freguesia
Para o presidente da Junta, o pior de 2010 foram os problemas
originados pela falta de médicos na extensão do centro de saúde em
Alvorninha, cujos serviços prestados à população foram reduzidos quase
para metade. "Temos uma médica que vai à extensão de saúde um dia por
semana e uma outra médica que vai dois meios-dias", explicou o
presidente da Junta, salientando que é "manifestamente pouco para o
número de utentes que a freguesia tem".
A extensão de saúde chegou a ter dois médicos para cerca de 4000
utentes, mas com a saída dos clínicos ficaram apenas inscritas 1600
pessoas em Alvorninha porque quem pôde acabou por mudar para as Caldas
da Rainha.
"Só que isso traz muitos inconvenientes à população, principalmente
aos mais idosos que não têm condições de mobilidade para se deslocarem
às Caldas da Rainha", referiu Virgílio Leal.
A Junta tem vindo a reunir com a direcção do Agrupamento de Centros de
Saúde do Oeste Norte para tentar solucionar a situação, mas o único
compromisso é de ser colocado a tempo inteiro um médico na extensão de
Alvorninha logo que haja algum disponível. Isso chegou a acontecer nos
últimos meses de 2010, mas acabou o contrato com o médico que estava a
tempo inteiro.
Outro lamento do presidente da Junta foi o de não ter sido possível
iniciar em 2010 a construção do lar da freguesia. Apesar de já existir
um terreno disponível, a Junta ainda não conseguiu apoio financeiro
suficiente para arrancar com a obra. Uma das possibilidades será fazer
a construção por várias fases.
Crise e esperança
A crise foi uma das palavras mais repetidas durante os discursos deste
jantar e apesar dos votos de esperança, o presidente da Junta lembrou
que também em casa de cada um é preciso fazer mudanças. "Se calhar
habituámo-nos a viver acima das nossas possibilidades", comentou.
O presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro, não se cansou de
elogiar a vitalidade das pessoas de Alvorninha. "O traço distintivo de
Alvorninha e aquilo que faz a força da freguesia, é que é uma terra de
gente que trabalha", afirmou.
Na opinião de Luís Ribeiro é "o vosso trabalho que vai vencer esse
bicho mau que anda para aí e que se chama crise". Por isso, os seus
votos fossem que houvesse muita saúde para se poder trabalhar.
O vereador Tinta Ferreira queixou-se da falta de verbas da Câmara
Municipal para poder continuar a fazer as obras necessárias no
concelho. "As receitas [provenientes de taxas e impostos] estão a
baixar muito e também houve um corte nas transferências do governo",
comentou.
No entanto, o autarca garantiu que vão poupar onde é possível para
continuar a poder "a ter uma dinâmica de investimento que permita
melhor a qualidade de vida das pessoas nas freguesias".
Pedro Antunes
pantunes@gazetacaldas.com
http://www.gazetacaldas.com/8462/barragem-de-alvorninha-vai-regar-campos-agricolas-ja-na-proxima-primavera/
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