por PATRÍCIA JESUS
Portugal teve ontem o dia mais frio do ano, mas as previsões apontam
para temperaturas muito baixas até ao próximo fim-de-semana. Só Lisboa
reforçou apoio aos sem-abrigo.
Cachecol, gorro e luvas são acessórios quase obrigatórios nos próximos
dias, sobretudo de manhã e à noite, já que o País está a viver os dias
mais frios deste ano, tendo também o vento como inimigo. As
temperaturas, sobretudo as mínimas, vão continuar geladas até ao
próximo fim-de-semana: só no Algarve os termómetros não marcam abaixo
dos cinco graus. A vaga de frio já fez a Câmara de Lisboa accionar o
plano de contingência para os sem-abrigo (ver texto ao lado).
Portalegre, Guarda, Castelo Branco e Viseu são os distritos em alerta
amarelo, segundo o Instituto de Meteorologia (IM), por causa das
temperaturas baixas e do vento. Outros oito estão em alerta por se
esperarem rajadas da ordem dos 90 km/h. Também a Protecção Civil
accionou o alerta azul, o mais baixo de uma escala de quatro, devido à
descida da mínima, até terça-feira.
O vento é, aliás, o principal culpado pela sensação de frio, explica a
meteorologista Idália Mendonça. "As mínimas e mesmo as máximas estão
muito abaixo do que são as médias normais da época, que já são baixas,
mas não estamos a falar de um episódio excepcional." O que faz
aumentar muito a sensação de frio é o facto de estas temperaturas
virem acompanhadas de vento moderado e forte, que causa um desconforto
muito maior, esclarece. O vento pode tirar cinco graus à temperatura
que marcam os termómetros.
O responsável é um anticiclone muito intenso localizado sobre as ilhas
britânicas. "O fluxo de ar passa por toda a Europa Central [muito fria
nesta altura do ano] e quando atinge Portugal o ar é muito frio e
seco", explica Idália Mendonça. Espanha e França também estão a ser
afectadas por esta situação.
Por outro lado, quando estamos sob a influência de um anticiclone
(altas pressões) temos céu limpo. Assim, quando o sol desaparece, não
há nuvens para "segurar" o calor, que se perde muito rapidamente: daí
a grande descida da temperatura durante a noite e as manhãs muito
frias. Lisboa e Porto acordaram ontem com 4º, Bragança com -4º e
Guarda chegou aos -5º.
E as mínimas ainda podem descer mais um ou dois graus. Na capital, por
exemplo, a mínima prevista de 3º está cinco graus abaixo da média de
Janeiro. "Antes do Natal tivemos um período de frio semelhante. Este
ainda está no início, mas se continuar assim será uma vaga de frio",
explica a meteorologista do IM.
É que como este anticiclone está "quase estacionário" é provável que
as temperaturas continuem geladas até ao próximo fim- -de-semana,
segundo as previsões a dez dias. A partir do quarto, quinto dia, a
fiabilidade das previsões é menor, mas até quarta-feira é certo que o
estado do tempo não vai melhorar, conclui Idália Mendonça.
O vereador da Protecção Civil da Câmara de Lisboa, Manuel Brito,
assegura que o plano de contingência para os sem-abrigo vai ficar
"activo enquanto a temperatura mínima se mantiver igual ou inferior a
três graus centígrados". No Porto, o comandante dos Bombeiros
Sapadores Alves Costa explicou ao DN que estão preparados para
accionar o plano, mas que por agora entendem não ser necessário.
Os sem-abrigo são uma das populações mais vulneráveis "perante a vaga
de frio prevista para os próximos dias", alerta a Direcção-Geral de
Saúde. Crianças, idosos e doentes crónicos também devem ser alvo de
cuidados especiais, recomenda. Outra preocupação são os aquecimentos
em casa, já que as intoxicações por monóxido de carbono podem causar a
morte.
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1764192&page=-1
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