domingo, 28 de julho de 2013

Ainda se cobra taxa a quem caminha nas áreas protegidas

SAMUEL SILVA

24/07/2013 - 00:00

Provedor de Justiça tinha recomendado abolição da taxa de 152 euros.
No domingo, pedestrianistas protestam no Gerês.

Após a intervenção da Provedoria, Governo prometeu rever diploma PAULO PIMENTA


Governo admite rever portaria sobre taxas cobradas pelas caminhadas
em parques naturais
Maioria rejeitou propostas da oposição parlamentar pedindo fim das
taxas nas áreas protegidas
"Os Verdes" querem proibir taxas nas áreas protegidas

O número já não é uma novidade: 152 euros. É esta a taxa exigida pelo
Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) pela
autorização de caminhadas ou outras actividades em áreas protegidas.

Há quatro meses, a Provedoria de Justiça deu parecer negativo à
portaria que fixa aquela taxa e o Governo admitiu a rever o diploma,
mas até agora nada se alterou.

Os pedidos de autorização continuam a ser pagos e, fartos de esperar,
pedestrianistas e praticantes de desportos de montanha vão voltar a
protestar, no domingo.

"Há uma persistente inércia e uma consciente ignorância das conclusões
da Provedoria da Justiça", acusam os elementos do movimento A Natureza
é de Todos, que, no último ano, tem liderado o protesto contra as
taxas cobradas nas áreas protegidas. O grupo acusa ainda o ICNF de
manter a mesma política de falta de informação aos caminhantes e
estende responsabilidades ao Ministério da Agricultura, do Mar, do
Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT).

No parecer da Provedoria de Justiça, de meados de Março, o valor da
taxa era considerado "manifestamente excessivo" e o vice-provedor,
Jorge Noronha Silveira, que assinou o documento, sublinhava ainda o
facto de essa verba ser cobrada pelo simples pedido de autorização,
independentemente do sentido da decisão.

A recomendação foi remetida ao Governo, que disse "comungar das
preocupações" da Provedoria. O secretário de Estado das Florestas e do
Desenvolvimento Rural dizia mesmo "não concordar com a tabela de taxas
em causa", anunciando que tinha pedido ao conselho directivo do ICNF
que apresentasse uma proposta de revisão daquelas disposições. Mas, de
então para cá, nada mudou. O PÚBLICO contactou o MAMAOT, mas não
conseguiu obter, até à hora do fecho desta edição, uma justificação
para este atraso.

A taxa de 152 euros continua a ser exigida a todos os que pedem a
necessária autorização para a realização de actividades desportivas
nos parques naturais e no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Por isso,
os pedestrianistas dizem ter "motivos suficientes para não acreditar
na competência do ICNF para resolver a ilegalidade e exorbitância das
taxas", acusando o instituto de "pretender favorecer as empresas em
desfavor do indivíduo caminhante e das associações sem fins
lucrativos".

No próximo domingo, Dia Nacional da Conservação da Natureza, o
movimento A Natureza é de Todos volta a protestar contra a cobrança de
taxas. A manifestação está marcada para o Parque Nacional da
Peneda-Gerês, junto da antiga casa florestal da Portela de Leonte,
pelas 10h, seguindo-se uma caminhada até à Portela do Homem. O grupo
já tinha organizado um protestona Peneda-Gerês a 25 de Abril do ano
passado, com as mesmas exigências.

http://www.publico.pt/local-porto/jornal/ainda-se-cobra-taxa-a-quem-caminha-nas-areas-protegidas-26865089

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