Para o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, os meios
disponíveis e a formação dos bombeiros não chega para contrariar uma
época especialmente trágica.
Mafalda Ganhão
14:05 Quarta feira, 28 de agosto de 2013
António José/Lusa "Floresta está hoje em piores condições", diz Jaime
Marta Soares
Os meios disponíveis para o combate aos incêndios são adequados, mas
"seguramente insuficientes quando se ultrapassam as 250 ignições por
dia", considera o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses,
comentando para o Expresso as declarações feitas ontem pelo
primeiro-ministro.
Jaime Marta Soares concorda que os meios são adequados, mas sublinha
como grande problema o facto de "existirem fogos a mais". Fogos cujas
consequências têm sido particularmente pesadas este ano, as quais não
são alheias a alterações de vária ordem, que vieram complicar a ação
dos bombeiros.
"Mesmo em 2003 e 2005, que foram anos terríveis, não se registaram
temperaturas tão altas e ventos atípicos como enfrentamos agora,
capazes criar focos secundários e dezenas ou centenas de metros dos
bombeiros, encurralando-os", explica Jaime Marta Soares.
A isto se alia "uma floresta em piores condições", abandonada, "sem as
infraestruturas necessárias" e onde crescem espécies arbóreas como não
se viam há muito tempo, "que inflamam rapidamente", acrescenta o
presidente da Liga dos Bombeiros.
Bombeiros estão preparados
A época tem sido particularmente trágica pela confluência de todas
estas características, avalia, ainda que em fundo persista a "falta de
competência e a falta de coragem" para avançar com medidas que defende
"há muitos anos".
A função de alto risco cumprida pelos bombeiros exige que estejam
preparados a vários níveis, "e os bombeiros estão-no de facto",
garante. O problema é "contarem apenas com os seus próprios meios para
combater os incêndios".
Quase tudo o resto falha, constata Jaime Marta Soares, insistindo que
é preciso penalizar mais certo tipo de situações, mas sobretudo não é
possível continuar sem "fazer cumprir a lei", no que às questões de
prevenção diz respeito.
Quando a agricultura de subsistência era ainda uma realidade em
Portugal ou em zonas onde existem rebanhos que comem o pasto, sabe-se
que muitas áreas estão naturalmente protegidas, refere. "A floresta
tem de ser povoada e vigiada, o que até podia acontecer recorrendo aos
muitos milhares que estão desempregados e que se podiam organizar em
cooperativas, garantindo um rendimento extra", sugere, para concluir
que "há trabalhos de ajuda aos bombeiros que qualquer cidadão pode e
deve fazer".
http://expresso.sapo.pt/meios-contra-incendios-sao-adequados-mas-insuficientes=f827755
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