segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O milho

9 de Agosto de 2013



Miguel Mota

Mais uma prova das grandes potencialidades da agricultura portuguesa é
a recente notícia sobre o grande aumento da produção de milho na zona
do Alqueva. Há várias décadas, um dos artigos que publiquei com o ante
título "Tesouros ocultos" referia-se ao milho, quando era muito
escassa a utilização dos milhos híbridos, que apenas ocupava 1% da
área com essa cultura. A produção unitária de milho nessa pequena
parte da área total era muito mais alta que na restante, tornando a
cultura mais económica.
Embora eu esteja hoje bastante longe desses problemas e talvez seja
desnecessário o que vou dizer, permitam-me algumas considerações sobre
a cultura do milho. Há muitos anos ouvi um dito que penso merecer
atenção. Dizia que a melhor economia em relação ao milho era vendê-lo
em sacos de couro. Queriam dizer que, em vez de esperar pela maturação
do grão, era melhor colhe-lo no óptimo do seu valor nutricional e
armazena-lo em silos, para alimento de animais, nomeadamente bovinos,
que muito apreciam esse tipo de silagem.

É necessário não esquecer que as altas produções agora obtidas –
chegam às 20t/ha – exigem elevados níveis de fertilização do solo, em
que é importantíssima a matéria orgânica. Aliás, como se sabe, uma
exploração agrícola equilibrada deve ter,além da produção vegetal, uma
boa produção pecuária. Portanto, uma rotação, em que o milho alterne
com pastagens ou forragens para corte, em que entrem leguminosas,
permite alimentar os animais e manter ou melhorar o nível de
fertilidade do solo.

Os estrumes produzidos abundantemente por bovinos leiteiros ou para
carne devem ser utilizados na produção de biogás (que em nada reduz o
seu valor fertilizante),uma forma de energia que Portugal tem
soberanamente ignorado, que bem poderia poupar importações e para a
qual já várias vezes chamei a atenção.Casos pontuais, como este e
variados outros, mostram bem o que poderia ser a agricultura
portuguesa e a muito maior diferença que causaria nas nossas pobres
economia e finanças.

Posted by Clube dos Pensadores

http://clubedospensadores.blogspot.pt/2013/08/o-milho.html

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