PLANETA TERRA
por Lusa, texto publicado por Paula Mourato06 setembro 201311 comentários
A atividade humana, e as emissões de gases com efeito de estufa
associadas, já explica tanto quanto as flutuações normais do clima os
fenómenos meteorológicos extremos no planeta em 2012, segundo um
relatório científico divulgado na quinta-feira.
Os cientistas, que integraram 18 equipas de investigação, analisaram
as causas dos 12 acontecimentos climáticos de intensidade excecional
verificados em 2012, como a seca e o furacão Sandy nos EUA, a fusão
recorde do gelo ártico ou as chuvas diluvianas no Reino Unido, na
Austrália, no sul da Chiba e no Japão.
O relatório, publicado no boletim da Sociedade Meteorológica
Americana, sublinha que "os mecanismos meteorológicos naturais e as
flutuações normais do clima tiveram um papel chave nestes fenómenos".
Porém, acrescentam os autores, "em alguns casos, as análises revelam
claramente que as alterações climáticas induzidas pelas emissões de
gases com efeito de estufa resultantes das atividades contribuíram
para estes fenómenos".
O diretor do Centro da Informação Climática da agência norte-americana
para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em Inglês), Thomas Karl,
disse, durante uma conferência de imprensa telefónica, que "este
relatório aumenta a capacidade crescente da ciência do clima para
melhor compreender a complexidade (...) destes acontecimentos da
natureza".
O objetivo destas investigações é compreender se estes fenómenos
meteorológicos poderiam ocorrer mais frequentemente e "se a sua maior
intensidade resulta de fatores naturais ou ligados à atividade
humana", disse Thomas Karl.
O documento aponta que o impacto humano sobre o clima pode ser
responsabilizado pelas precipitações excecionais na Austrália, pela
inédita seca invernal na Europa do Sul e pela seca na África Oriental.
Ao aquecimento global é ainda atribuída a responsabilidade pelas
chuvas diluvianas na Nova Zelândia, quando em dois dias caíram 67
centímetros de água. Os cientistas atribuem esta precipitação a uma
humidade acrescida produzida pela acumulação dos gases com efeito de
estufa.
A vaga de calor no leste dos EUA, na primavera de 2012, é um dos
exemplos onde a influência humana é mais óbvia, com os investigadores
a explicar o fenómeno em 35% pelas alterações climáticas.
Já sobre a seca que afetou o centro dos EUA em 2012, os cientistas
concluíram que a explicação reside em fatores atmosféricos naturais
que têm pouco a ver com o aquecimento global.
Sobre o furacão Sandy, que causou fortes estragos nas costas dos
Estados norte-americanos de Nova Jérsia e Nova Iorque, foi evocada a
grande complexidade do fenómeno e a pouca visibilidade da influência
humana.
"O Sandy é provavelmente o mais difícil de explicar dos fenómenos
meteorológicos extremos de 2012", escreve-se no documento,
especificando que "ocorreram numerosos fatores para produzir uma
tamanha potência".
Mas, destacaram os cientistas, no futuro, furacões de menor
intensidade poderão provocar devastações similares devido ao nível
mais elevado da água do oceano, que resulta em grande parte da fusão
do gelo ártico, subsequente ao aquecimento.
O gelo ártico conheceu no verão de 2012 um recuo inédito, o que,
acentua-se no documento, "não se pode explicar apenas por variações
naturais".
No seu último projeto de relatório, do qual foi transmitida uma parte
à imprensa, em agosto, o Grupo de Peritos Intergovernamental sobre as
Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em Inglês) considera "muito
provável que a influência humana sobre o clima seja responsável por
mais de metade da subida da temperatura na superfície do globo entre
1951 e 2010".
A versão final do documento será apresentada no final de setembro, em Estocolmo.
http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=3406110&page=-1
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