28 de Setembro, 2013
O grupo HIT vai investir dois milhões de euros na fábrica de tomate de
Águas de Moura no próximo ano para aumentar a capacidade de produção
de cerveja com tomate, anunciou o responsável da fábrica, Martin
Stilwell.
O grupo HIT (Holding da Indústria Transformadora do Tomate) tem como
principal accionista o gigante agro-alimentar japonês Kagome e é dono
das fábricas de processamento de tomate Italagro, na Castanheira do
Ribatejo e FIT, em Águas de Moura.
Martin Stilwell, o presidente executivo da HIT sublinha que o
interesse dos japoneses pelos produtos de tomate nacionais resulta de
uma ligação de quase 30 anos à fábrica da FIT, uma relação "que se tem
vindo a intensificar ao longo do tempo" e que culminou com a entrada
da Kagome no capital da empresa em 2007.
A fábrica, salientou, tornou-se particularmente importante nos últimos
anos: é aqui que a multinacional japonesa, que investe cerca de 10% da
sua facturação anual de dois mil milhões de dólares em I&D, "traduz os
resultados obtidos no laboratório para a escala industrial".
Exemplo desta inovação é uma cerveja que incorpora extracto de tomate
produzido na fábrica portuguesa, que foi lançada timidamente, em 2012,
em pequenos supermercados de Tóquio, mas conseguiu alargar as vendas
um ano depois a toda a rede de distribuição da capital nipónica.
O responsável da HIT frisou que as vendas de extracto de tomate usado
para fazer esta bebida duplicaram em 2013 e previu que dupliquem
novamente em 2014, o que implica aumentar a capacidade de produção
nesta fábrica, a única "que tem a tecnologia e a capacidade"
necessárias para produzir o extracto.
Nos últimos quatro anos, os japoneses investiram cerca de dois milhões
de euros nas instalações e Martin Stilwell prevê que será necessário
fazer um investimento similar em 2014 para reforçar a produção deste
extracto, usado na cerveja japonesa, mas que pode vir a ser
incorporado em novos produtos.
Por enquanto, a cerveja só é vendida no Japão e o empresário assume
que é preciso ser cauteloso no que respeita ao investimento.
"Temos de ter alguma certeza de que o produto vai ter sucesso antes de
avançar. Tóquio tem um pouco menos de 20 milhões de habitantes e o
Japão tem cerca de 170 milhões. Se entrarmos na distribuição em todo o
Japão, a nossa capacidade de produção é muito rapidamente esgotada por
isso não prevemos sair ainda do Japão", justificou.
Questionado sobre o porquê deste interesse pelo tomate nacional,
Martin Stilwell considerou que a obsessão japonesa pela qualidade do
alimentos que consomem e a preocupação com a segurança alimentar têm
sido positivas para Portugal, cuja qualidade dos produtos alimentares
é reconhecida.
Martin Stilwell sublinhou que a cor é um aspecto distintivo e que o
sabor do tomate cultivado em Portugal faz a diferença.
"É um critério com o qual é muito difícil de concorrer. Resulta de
condições naturais que nós temos e que outros não têm, uma combinação
de um clima suave, com a proximidade do mar, amplitudes térmicas não
muito amplas e a fertilidade dos terrenos na zona do Tejo", explicou.
Portugal produz anualmente cerca de 1,3 milhões de toneladas de tomate
transformado que são exportadas na sua quase totalidade.
O Japão é o segundo maior cliente, a seguir à Europa, recebendo cerca
de 10% do total.
Lusa/SOL
http://sol.sapo.pt/inicio/Internacional/Interior.aspx?content_id=86606
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