APROLEP
Vários produtores de leite foram recentemente surpreendidos com mensagens enviadas por alguns compradores, avisando sobre uma prevista baixa do preço em Abril, justificada com o “mercado” e baixas de preço noutros países da Europa, mas sem adiantar o valor em causa. Essa prática coincidiu com notícias divulgadas pela comunicação social espanhola, segundo as quais vários compradores de leite estariam a preparar os produtores para baixas de preço sem divulgar, no entanto, números exatos porque, entre outras razões, todos aguardam os ajustes das outras empresas lácteas.
Estas notícias são particularmente preocupantes na véspera de grandes despesas que os produtores terão de realizar com a colheita das forragens da primavera e a sementeira do milho. A preocupação aumenta quando se perspetiva que o preço das rações volte a subir, porque ao preço alto da soja juntou-se a crise na Ucrânia, país exportador de cereais.
Não nos parece que a baixa no mercado mundial de produtos lácteos seja justificação para idêntica descida, a nível nacional ou ibérico, pois o preço médio pago ao produtor em Portugal não acompanhou a subida registada no Norte da Europa, no último ano, e o mercado do leite português é essencialmente doméstico. Com efeito, os últimos dados divulgados pela comissão europeia, relativos a Janeiro de 2014, apontam um preço médio de 40 cêntimos/Kg na União europeia, 38,2 em Espanha e 36,5 em Portugal.
Temos fortes razões para crer que a manutenção desse preço, abaixo da média comunitária, é a principal razão para que a produção de leite em Portugal na campanha 2013/2014 permaneça abaixo da quota disponível e 3,5% abaixo do ano anterior.
Trata-se de um cenário preocupante que traduz bem as dificuldades que o sector tem atravessado nestes últimos três anos e ainda não superou. Os produtores de leite são cada vez menos, em idade mais avançada e assistiu-se também à redução do efetivo leiteiro e da área cultivada com milho para silagem.
A APROLEP apela à indústria e distribuição para uma reflexão sobre estes números, sobre o futuro do aprovisionamento do leite em Portugal e sobre a mensagem que pretendem enviar aos últimos resistentes que produzem leite. Se não foi possível acompanhar a subida registada noutros países, que haja agora um esforço partilhado para manter o preço e dar esperança aos produtores que têm muito trabalho pela frente e ainda dívidas para saldar.
A Direcção da APROLEP
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