É esperada uma produção de 85 mil toneladas de azeite, a melhor das
últimas décadas
João Cortez de Lobão, produtor de azeite
D.R.
08/01/2014 | 20:16 | Dinheiro Vivo
As 85 mil toneladas de azeite esperadas para este ano poderão fazer
dele o melhor dos últimos 40 anos, e assim superar a autossuficiência,
na relação entre o que se produz e o que se consome no país.
Os fortes investimentos em novas plantações de olival, no Alentejo, em
especial no Alqueva, mudaram a paisagem do país e o resultado está à
vista. A campanha do azeite, que se concluirá em março, deverá ser "a
mais alta das últimas décadas", com cerca de 85 mil toneladas, que é
um pouco superior ao consumo anual no país, estimado em 80 mil
toneladas, segundo Mariana Matos, secretária-geral da Casa do Azeite.
Dará para esquecer o último ano (59 mil toneladas) e superar as 76 mil
toneladas de 2012, que tinha sido o melhor dos últimos 40 anos. E dará
para começar a dar valor a tudo o que se investiu na última década na
plantação de oliveiras, e que dá agora os seus frutos. Um desses
investimentos resultou mesmo no maior olival do Mundo, quando, em
2010, a Sovena adquiriu um olival no Alentejo que a habilitou a ficar
com um total de 9700 hectares.
Mas, apesar do crescimento da produção e de muita dela ser para o
mercado externo, ainda é preciso importar para satisfazer boa parte,
precisamente, da exportação. E aí, o Brasil tem sido incontornável
como o principal motor das vendas para fora do país, realidade a que
não serão alheias as campanhas de promoção que a Casa do Azeite tem
protagonizado naquele mercado, desde 2000.
Em 11 anos, foram investidos 2,250 milhões de euros, em três grandes
pacotes de ações promocionais no Brasil (um deles juntamente com a
China), num investimento maioritariamente privado mas apoiado por
fundos comunitários.
"Tem sido um crescimento quase exponencial para o Brasil. Funciona
como uma grande alavancagem das nossas vendas", assinala Mariana
Matos, com uma salvaguarda: "Em meia dúzia de anos, deu-se uma
inversão muito importante. As exportações de azeite (refinado e
virgem) deram lugar às exportações de azeite virgem extra",
evidenciando uma procura da qualidade.
De facto, os investimentos não foram apenas nas plantações, mas também
na obtenção de um produto de excelência, desde o lagar à preparação
técnica dos profissionais. "Ninguém investe agora para não obter um
produto de qualidade", argumenta Mariana Matos. A prova reside na
quantidade de azeite nacional nas prateleiras gourmet e nos prémios
sucessivos entre os melhores azeites do mundo.
Produtor alentejano com "estrelinha"
João Cortez de Lobão diz ter uma "estrelinha": deixou o jornalismo e
foi para os EUA, onde geria patrimónios. Escapou aos atentados às
torres gémeas, onde trabalhava. Em 2006, já em Portugal, deixou a
banca (escapando à sua derrocada) e investiu 14 milhões de euros na
Herdade Maria da Guarda, em Serpa, plantando olival e construindo um
lagar. Vai produzir este ano 1 milhão de quilos de azeite e tenciona
duplicar a produção, em 2015. Nos seus 600 hectares já tem uma margem
bruta recorde de 4000 euros/ha/ano que acredita irá voltar a crescer.
Usa um regime superintensivo de produção com olival em sebe,
mecanizado, mas emprega 40 pessoas. Exporta 90% da produção para
Itália, em granel. "Se formos eficientes, a agricultura é muito
rentável", diz este pai de família de 8 filhos. E não vai ficar por
aqui: "Estou disponível para comprar mais terra".
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO312174.html?page=0
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