quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Florestas voltam a cartografar áreas ardidas após paragem de quatro anos

MARIANA OLIVEIRA

07/01/2014 - 10:07

Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas contrata empresa
para fazer mapa das áreas ardidas entre 2010 e 2013.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) voltou
a contratar a cartografia das áreas ardidas após um interregno de
quatro anos. O organismo público contratou a empresa GMV, uma
multinacional da área tecnológica, para esta produzir os mapas das
áreas ardidas dos anos 2010, 2011, 2012 e 2013.

A informação permitirá ao instituto desenvolver ferramentas
importantes para o planeamento e a prevenção dos fogos florestais,
como a carta de risco de incêndio.

A contratação foi anunciada esta segunda-feira pela própria GMV, que
esclarece que é a primeira vez que trabalhará para o ICNF. O projecto
recorrerá a imagens dos satélites Landsat 5, Landsat 7 e Landsat 8.
"Através das imagens de satélite serão delimitadas as cicatrizes de
fogo em cada um dos anos de referência", lê-se num comunicado emitido
pela empresa.

A informação permitirá um conhecimento mais profundo do impacto dos
incêndios dos últimos anos, sendo uma ferramenta relevante para a
elaboração de mapas de risco, preparação de estratégias de combate a
incêndios ou suporte ao planeamento ambiental.

José Miguel Cardoso Pereira, professor catedrático do Departamento de
Engenharia Florestal do Instituto Superior de Agronomia, que elaborou
a cartografia das áreas ardidas entre 1975 e 2009, mostra-se contente
com o retomar deste trabalho, não deixando de criticar os termos em
que se realizou esta contratação. "Assim poderemos recuperar a
capacidade de fazer previsões de risco e avaliações de danos", afirma
o universitário.

Cardoso Pereira lamenta o interregno de quatro anos, em que, por falta
de verbas, se deixou de fazer a cartografia da área ardida e que se
tenha lançado um concurso já no último trimestre do ano que implicava
que o trabalho fosse realizado até ao final de 2013. "Quatro anos de
cartografia de áreas queimadas em tão pouco tempo não me permitira
fazer a tarefa bem feita", alega o catedrático, que optou por não
concorrer a este procedimento concursal por convite. "São muitas
imagens de satélite que precisam de ser tratadas para se conseguir um
mapa coerente. Por outro lado, pelo menos num desses anos houve uma
avaria nos satélites, apresentando as imagens problemas técnicos",
justifica Cardoso Pereira.

José Luís Freitas, responsável pelo Desenvolvimento de Negócio da GMV,
explica que a empresa ganhou este contrato, porque das três entidades
convidadas foi a que apresentou um preço mais baixo, mas não adianta o
valor do negócio. E adianta que uma equipa de quatro pessoas já está a
trabalhar no projecto, que deverá estar concluido até ao final do mês.
"Este trabalho permitirá obter uma informação mais precisa sobre a
localização e a dimensão das áreas ardidas. As imagens permitem
cartografar a partir de uma área mínima de 900 m2", refere José Luís
Freitas. O responsável sublinha, por exemplo, que as imagens MODIS
utilizadas pelo Sistema de Informação Europeu de Fogos Florestais não
permitem cartografar incêndios com menos de 62.500 m2.

ANACOM coordena comunicações de emergência
Entretanto a Anacom - Autoridade Nacional de Comunicações anunciou
esta segunda-feira que vai passar a coordenar as comunicações em
situações de emergência como os fogos florestais, uma competência que
herda da Autoridade Nacional de Protecção Civil. Em comunicado, a
Anacom refere que organizará a resposta quer na fase de emergência
quer na fase de reabilitação, onde "deverá apoiar tecnicamente, no
âmbito das suas atribuições, os organismos e serviços responsáveis
pela rede integrada de comunicações de emergência, e garantir a
disponibilidade e eficiente utilização do espectro radioeléctrico".

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/florestas-voltam-a-cartografar-areas-ardidas-apos-paragem-de-quatro-anos-1618622

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