No passado dia 17 de Janeiro, no Cineteatro S. João, em Palmela, realizou-se o Colóquio da Associação dos Vitivinicultores do Concelho de Palmela (AVIPE) com o tema "Novos desafios da Vitivinicultura". Este colóquio reuniu mais de 150 pessoas num fórum de grande discussão e participação.
A sessão de abertura teve a moderação de Francisco Borba, presidente da assembleia geral da AVIPE, e teve como oradores Elisete Jardim, Directora Regional da DRAPLVT, Frederico Falcão, presidente do IVV e Álvaro Amaro, Presidente da Câmara Municipal de Palmela. Das diversas comunicações, destacam-se as referências às novas regras para os direitos de plantação das vinhas. Ou seja, o conceito de "direito" é substituído por uma "autorização", sem valor pecuniário e sem possibilidade de transacção, vigente por um período de 3 anos em carteira. Ainda foi referido que o remanescente dos direitos existentes numa bolsa nacional, serão distribuído pelos candidatos não existindo ainda uma regulamentação concreta e definida para estas distribuições. Fica no entanto a certeza que, no início de 2016, as regras serão outras.
O 1º Painel foi moderado por Lurdes Atalaia, presidente da direcção da AVIPE, e teve como oradores António Barreira pela CA Seguros, Henrique Soares, presidente da direcção da CVRPS e Capoulas Santos, Eurodeputado. Não se querendo comprometer com a inclusão do escaldão nos seguros para a campanha vitícola do próximo ano, frisou que esta hipótese está prevista num horizonte bastante próximo. Ficou vincado que, sem condição, os seguros de colheita vitícola não têm grande interesse para a região. O Eng.º Henrique Soares falou da tendência e evolução no mercado dos vinhos com especial incidência para a Região da Península de Setúbal. Realçou o claro crescimento das vendas dos vinhos desta região, seja num panorama nacional ou internacional. A comunicação de Dr. Capoulas Santos era a mais esperada do dia. Refira-se a importância que este Eurodeputado teve na discussão do quadro comunitário 2014-2020 com resultados bastante positivos para a verba destinada à agricultura. Portugal receberá 8,1 mil milhões de euros, dos quais 4,5 mil milhões para o 1° pilar (3,9 mil milhões para os pagamentos directos e o restante para medidas de mercado) e 3,6 mil milhões para o 2° pilar (desenvolvimento rural). Referiu ainda importância crescente com a protecção ambiental, a homogeneidade do valor por Ha nos pagamentos directos entre as diversas culturas, a manutenção do apoio a projectos de regadio e as novas regras para os jovens agricultores. Prevê-se a entrada gradual do novo quadro comunitário, sendo que algumas regras já tenham tido início em Janeiro de 2014.
O 2º Painel teve a moderação de Iva Almeida, técnica da AVIPE, e contou com as comunicações de Elsa Gonçalves por parte da PORVID onde referiu a importância da conservação das diversas variedade genéticas de videiras para o futuro da vitivinicultura Portuguesa. Referiu ainda o importante trabalho que a AVIPE tem tido na prospecção de videiras na Península de Setúbal. Maria Luis Fino, pela CAP, falou sobre o Serviço de Aconselhamento Agrícola. Serviço este que pretende preparar os agricultores para eventuais fiscalizações por parte do IFAP ou de outros organismos que controlem a actividade agrícola.
Após o almoço, o colóquio continuou com a moderação de Ana Chambel, técnica da AVIPE, e contou com as comunicações de Paula Mourão, da DGAV, sobre a lei 26/2013 e as novas implicações no uso dos produtos fitofarmacêuticos, Luis Paiva da CODIMACO sobre a importância crescente da certificação na vitivinicultura e Juan Miguel Cantus da Syngenta sobre uma nova abordagem à aplicação dos fitofármacos. A comunicação da Dr.ª Paula Mourão suscitou bastante controvérsia tendo em conta as obrigatoriedades que a lei impõem mais concretamente relativas às necessidades de formação para aplicadores de fitofarmacêuticos e de inspecção de pulverizadores. Serão realidades a ter em conta a partir de Novembro de 2015 e 2016 respectivamente. De referir ainda a comunicação do técnico da Syngenta que evidenciou uma forma clara e eficaz de determinar a quantidade de produto necessária ao crescimento da planta.
O último painel foi moderado por Miguel Cachão, técnico da AVIPE, e contou com as comunicações de Jorge Sofia da DRAPC sobre a importância do Black Rot, de Margarida Santos do INIAV sobre viroses da vinha e de Luis Mendes sobre um balanço fitossanitário da cultura da vinha para o ano de 2013. Foram comunicações que versaram um cariz mais técnico onde se destaca a importância crescente do Black Rot como doença a ter em conta na cultura da vinha a e diversidade extraordinária de vírus associados à cultura da vinha com as diversas implicações no seu crescimento e na sua produtividade. Fica a ideia que ainda há muito por onde estudar, mas que as consequências são já visíveis.
De referir que o colóquio teve ainda um espaço onde 10 empresas ligadas à rega, fertilização e fitofarmacêuticos puderam efectuar alguma acção comercial. Foi ainda disponibilizado um pulverizador com referência aos diversos pontos por onde a inspecção destes equipamentos ser irá cingir.
Fonte: AVIPE
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