Maio 21
17:26
2014
A Comissão apresentou, recentemente, um relatório sobre as perspectivas dos mercados agrícolas para o período de 2013-2023, bem como a evolução dos rendimentos agrícolas.
Fazemos aqui um resumo do documento que pode ser lido na íntegra no site da Comissão Europeia.
Os pressupostos são baseados na assumpção de indicadores macroeconómicos e políticos plausíveis para o período. Outros factores que foram tidos em conta são a procura mundial de alimentos, o desenvolvimento do sector dos bio combustíveis e os aumentos de produtividade.
No que diz respeito à evolução dos rendimentos do sector, foram tidas em conta as reestruturações que o sector tem vindo a ser alvo. O efeito da reforma da Política Agrícola Comum, que deve entrar em pleno em Agosto de 2014, é um factor muito importante.
No que diz respeito à política comercial, tem como base os acordos do Uruguay Round, bem como os acordos comerciais bilaterais realizados com a Colômbia e a América Central, sendo que o acordo com o Canadá não foi tido em conta, uma vez que ainda não está formalmente assinado e ratificado.
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1 – Culturas aráveis
As previsões do sector, a curto espaço, baseiam-se numa sólida procura mundial, com preços firmes.
Na União Europeia (UE), a procura de cereais para rações e alimentação humana deve manter-se, registando-se uma ligeira subida na procura para os bio combustíveis. Do lada da oferta, prevê-se uma ligeira redução nas produções.
A procura interna de cereais, oleaginosas e açúcar está fortemente dependente da política dos bio combustíveis. A manter-se a directiva sobre as energias renováveis, que estabelece para 2020, 10% de energias alternativas nos transportes, leva a uma incorporação de 8,5% de bio combustíveis, sendo que os restantes 1,5% serão absorvidos pelos veículos eléctricos.
No que diz respeito aos cereais, o mercado deve caracterizar-se por baixos stocks e preços acima da média dos últimos aos.
As necessidades de cereais devem atingir as 316 milhões de toneladas em 2023, sobretudo, devido ao aumento da procura para etanol.
Prevê-se uma alteração das culturas, com o aumento da produção de milho e trigo, em detrimento dos outros cereais.
No que diz respeito ao arroz, prevê-se um aumento do consumo, sendo o abastecimento feito pelo recurso a mais importações, que devem levar à auto-suficiência europeia para os 64%.
A produção de oleaginosas deve seguir um percurso muito semelhante ao dos cereais.
No que diz respeito à produção de beterraba sacarina, prevê-se um aumento de produção na próxima década, devido à crescente procura de etanol. No entanto, com a abolição das quotas de importação em 2017, o açúcar proveniente da beterraba deve ficar pouco competitivo para a produção de etanol.
Um facto também importante é a corrente que existe ao nível europeu, no sentido da redução da incorporação de açúcar nos alimentos, substituindo por isoglucose, cujas quotas de importação terminarão também em 2017.
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2 – Carne
O sector da carne deve ser suportado por uma forte procura internacional, devido à recuperação da economia.
Na Europa, a saída da crise de alguns países e a melhoria da economia noutros, deve aumentar o poder de compra e, consequentemente, o consumo da carne.
Em 2013, chegamos a um valor baixo de consumo europeu per capita de carne de 64,7 kg, enquanto as previsões para 2023 são de que este valor passe para 66,1 kg, ou seja, se situe ao nível de 2011.
O sector da carne de frango deve ser o mais dinâmico, mantendo-se a carne de porco como a favorita do consumidor europeu, enquanto a carne de bovino e de ovino devem ter uma ligeira redução.
A produção de porcos teve uma redução em 2013, devido à adaptação das explorações às novas normas de bem-estar animal, devendo ter um aumento de 2,8% em 2023, atingindo as 23,4 milhões de toneladas. Este aumento não será superior devido aos condicionalismos ambientais.
Para o sector da carne de frango, prevê-se um aumento de 0,8% ao ano até 2013, atingindo uma produção de 13,6 milhões de toneladas.
A diminuição da carne de bovino deve descer 7% até 2013, fixando-se nas 7,6 milhões de toneladas, devido, sobretudo aos desenvolvimentos do sector leiteiro, responsável por dois terços dos animais para a produção de carne.
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3 – Leite e produtos lácteos
As perspectivas de mercado para o leite e produtos lácteos são favoráveis para o período, tanto no mercado europeu, como mundial.
Esta situação deve-se a uma procura crescente destes produtos no mercado mundial, devido, sobretudo ao grande aumento de consumo das economias emergentes.
É previsto um aumento limitado da produção de leite na Europa, depois do fim das quotas leiteiras em 2015, devido a restrições de ordem ambiental.
A produção de leite pode atingir as 150 milhões de toneladas em 2023 e o aumento deve advir do aumento da produtividade média das vacas, cuja produção anual será para os 15 países mais antigos, de 8.500 kg por vaca por ano em 2023 e de 6.500 kg por vaca por ano nos 13 novos estados membros.
A produção de queijo deve ter uma boa expansão, devido à crescente procura mundial e irá absorver o aumento de produção de leite.
Em 2023, prevê-se uma produção de 10,7 milhões de toneladas e que 1 milhão de toneladas seja exportado. Em 2023 está previsto que a produção de produtos lácteos frescos, do dia, atinja as 48,3 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de 3% em relação a 2012.
A produção de manteiga deve manter-se estável nas 2,3 milhões de toneladas, com os operadores a preferirem usar a gordura do leite para produzir queijo.
A produção de leite em pó pode atingir as 1,25 milhões de toneladas em 2023, devido à procura mundial do produto, sendo que o leite em pó gordo deve registar uma ligeira diminuição de produção.
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4 – Rendimento da actividade
As previsões do rendimento para a actividade agrícola são positivas, com um aumento de 1,8% por ano no rendimento de cada unidade de trabalho agrícola, com resultado da crescente mecanização do sector e consequente redução de mão-de-obra.
Na Europa dos 15, o rendimento real do sector agrícola em 2023 deve ser superior a 17,5%, superior à média de 2003-2007, enquanto para os 13 novos estados membros, esse valor pode ultrapassar os 50%, devido ao nível de desenvolvimento das suas agriculturas.
5 – Incertezas e ressalvas
Todas estas perspectivas foram feitas tendo em conta situações de clima e de produções normais, tendo só em conta as políticas ambientais e de bem-estar animal. Não foram tidos em consideração acidentes climatéricos, epidemias animais, acidentes na cadeia alimentar e outros factores excepcionais.
Este trabalho é de perspectivas de mercado e não de previsões, pelo que tem de ser visto como uma tendência de evolução dos mesmos e não como uma realidade.
Nas análises foram previstas bandas entre as condições mais favoráveis e menos favoráveis, para as perspectivas dos mercados dos diferentes produtos.
O artigo que escrevemos teve por base o trabalho apresentado pela Comissão Europeia, em Dezembro de 2013, intitulado "Prospects for agricultural markets and income in the eu 2013-2023".
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