22-05-2014 às 10:25
Vai um gafanhoto frito? Esta é a pergunta feita pelo entomólogo Arnold Van Huis numa conferência em Wageningen, na Holanda, na semana passada. O evento reúne especialistas para discutir o papel dos insectos na segurança alimentar mundial.
O entomólogo falou à revista Nature sobre o tema: «O hábito de comer insectos ainda tem a reputação de fazer parte da dieta apenas das pessoas muito pobres. Espero que possamos mudar essa percepção durante a conferência». Huis descobriu a entomologia viajando durante um período sabático, estudando aspectos culturais dos insectos em 24 países na em África. Comeu grilos e gafanhotos saborosíssimos, mas também se decepcionou com o bolo «kungu», feito com moscas que aparecem, em certas fases da lua, nos lagos da África Oriental.
Mesmo entre os entomólogos, segundo Huis, o hábito de comer insectos foi tratado por muito tempo como uma peculiaridade de habitantes de regiões tropicais. «Não se considerava que nós também podemos criar esse hábito», afirma. Para difundir o gosto alimentar no Ocidente, os entomólogos precisam de definir, por exemplo, qual a melhor maneira de criar os insectos para o consumo humano – geralmente, a criação é feita em depósitos de restos orgânicos.
O interesse pelo assunto está a crescer: o livro de Huis sobre o papel dos insectos na segurança alimentar, publicado no ano passado pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês), já teve mais de seis milhões de downloads. Outra das suas publicações, um livro de receitas, não fez tanto sucesso; mas Huis aposta que isso vai mudar, quando iguarias à base de insectos chegarem aos programas de televisão e às ementas de chefs famosos.
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