Produtores querem triplicar área nacional cultivada
24.02.2011 - 10:08 Por Helena Geraldes
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O ministro da Agricultura, António Serrano, recebe hoje uma proposta
para a política nacional para a agricultura biológica. Os
profissionais do sector querem, até 2016, triplicar a área cultivada e
chegar aos 750 mil hectares.
A superfície agrícola em modo biológico deveria aumentar dez por cento
(Foto: Nuno Ferreira Santos/arquivo)
Em Dezembro de 2008 existiam 1902 produtores, representando 214.442
hectares, segundo os dados mais recentes do ministério. Mas Ângelo
Rocha, vice-presidente da Interbio – Associação Interprofissional para
a Agricultura Biológica, teme que esses números venham a baixar. "Sem
um enquadramento político" e um "reconhecimento do Governo de que este
tipo de agricultura também é interessante para o país", será muito
difícil conseguir ter expressão nacional, referiu ao PÚBLICO.
Na
verdade, a área total cultivada com produtos biológicos no Continente
deixou de crescer em 2006 e, no ano seguinte, começou mesmo a
diminuir.
A proposta que será levada esta tarde ao Ministério da Agricultura
propõe que, entre 2012 e 2016, a superfície agrícola utilizada (SAU)
em modo biológico aumente dez por cento, chegando aos 750 mil hectares
e aos 6000 operadores no mercado. A meta para o volume de negócios é
que ultrapasse cem milhões de euros por ano. Actualmente, a Interbio
estima que esse montante seja na ordem dos 20 a 22 milhões de euros.
Em 2008, as culturas biológicas com maior área eram as pastagens e
forragens (com 71 por cento da área), seguidas das culturas arvenses -
como o trigo, cevada, milho e centeio -, com 12 por cento. As frutas
representavam apenas um por cento e as hortículas três por cento.
Ainda assim, a importação de produtos frescos tem vindo a diminuir.
Quanto aos rebanhos, em 2008 existiam mais de cem mil ovinhos e 70 mil
bovinos criados em modo biológico. De acordo com a proposta, existiam
ainda mais de 40 mil aves, dez mil suínos e seis mil colmeias.
Por considerar existirem condições, a plataforma que reúne produtores,
transformadores e comerciantes desafia António Serrano a promover os
produtos biológicos nas refeições de todas as escolas e em todos os
hospitais distritais.
"Estes objectivos são perfeitamente exequíveis e nem sequer põem em
causa outros tipos de fazer agricultura. Apenas queremos reivindicar
um espaço próprio", comentou Ângelo Rocha, um dos fundadores da
Agrobio – Associação Portuguesa de Agricultura Biológica, que nasceu
em 1985. Tanto mais que, adianta o documento, "tem-se observado um
crescimento das vendas" de produtos biológicos em grandes superfícies
mas também em supermercados especializados e mercados de venda
directa.
O responsável lembrou que Portugal é dos poucos países europeus sem um
plano nacional para o sector, referindo que em 2004 foi apresentado um
plano nacional de desenvolvimento da agricultura biológica mas que
nunca chegou a ser implementado por mudanças no Governo.
Cerca de sete anos depois, a agricultura biológica - prevista na
Estratégia Nacional do Desenvolvimento Sustentável - faz nova
tentativa. "Na proposta que vamos apresentar está tudo estimado e as
contas estão todas feitas", conta Ângelo Rocha. O documento presta
atenção especial aos cereais, azeite, hortofrutícolas, vinha e carne e
propõe a nomeação de um Coordenador para a política nacional da
agricultura biológica e de responsáveis regionais. Além disso, sugere
a criação de uma incubadora empresarial e um sistema de microcrédito
para os operadores.
De acordo com a proposta, "a agricultura biológica aumenta a
biodiversidade, protege os solos, melhora as características
nutricionais dos alimentos, assegura o bem-estar animal e contribui
para o emprego nas zonas rurais".
Notícia actualizada às 12h58
http://economia.publico.pt/Noticia/ministro-recebe-hoje-proposta-de-politica-nacional-para-agricultura-biologica_1481907
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