domingo, 20 de fevereiro de 2011

Portugal endivida-se mais para comer

O excesso de chuva dizimou sementeiras e impediu que outras se
realizassem. Portugal deverá ter uma das piores colheitas cerealíferas
de sempre. Resultado: mais importações para matar a fome aos
portugueses.
Vítor Andrade (www.expresso.pt)
0:44 Domingo, 20 de Fevereiro de 2011

As sucessivas valorizações dos cereais nos mercados internacionais
ainda fizeram sonhar os agricultores portugueses. Os incêndios na
Rússia, durante todo o verão, dizimaram grande parte da sua produção
de cerais. As inundações na Austrália e as fortes chuvadas na China,
já este ano, devastaram milhares e milhares de hectares, sobretudo de
trigo.

Porque é que isto é significativo? porque estamos a falar dos
principais produtores mundiais de cereais. São estes países que
alimentam o mundo. O problema é que, este ano, nem as suas próprias
necessidades vão conseguir satisfazer. Ou seja, vamos ter escassez de
cereais. A procura pode ser superior à oferta e as revoltas sociais
por falta de comida, sobretudo nos países mais pobres, podem vir a
ganhar proporções imprevisíveis.
Os preços destes cereais dispararam nos mercados, como se disse atrás,
e os podutores nacionais chegaram a pensar que seria desta vez que
Portugal iria ter uma recuperação no sector. Mas, na verdade, a chuva
também jogou contra eles e o resultado é pior do que se podia esperar.
Balança de pagamentos mais desiquilibrada
As primeiras previsões agrícolas do ano, feitas pelo Instituto
Nacional de Estatística não deixam margem para dúvidas: "as elevadas
precipitações ocorridas até meados de Janeiro impediram a realização
das sementeiras, levando inclusivamente à diminuição generalizada das
superfícies semeada".
Se 2010 já tinha sido um dos piores anos das últimas décadas, este ano
ainda será pior: todas as áreas de cultivo de trigo mole e duro,
triticale, centeio e cevada, diminuiram.
O ano passado Portugal importou 80% das suas necessidades de cereais.
Este ano será seguramente pior. Ou seja, o desiquiíbrio da balança de
pagamentos agrícola irá aumentar.
Por outro lado, a segurança alimentar do país diminui, pois Portugal
fica mais exposto aos mercados internacionais.
http://aeiou.expresso.pt/portugal-endivida-se-mais-para-comer=f633039

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